sábado, 26 de fevereiro de 2011

A Conversão de Paulo - Esboço da Lição 9 – CPAD

“Cristo é o dono da agência que convoca e prepara os seus convocados.”

Para Refletir: “Se tivéssemos os olhos de Cristo! Nunca consideraríamos ninguém pecaminoso ou endurecido demais para a graça salvadora, revelada em Jesus Cristo.” (Myer Pearlman)

INTRODUÇÃO
Saulo de tarso era filho de pais hebreus e pertencia à tribo de benjamim, conhecido por ser aluno de Gamaliel. (Atos 22.3) Cidadão romano por nascimento (Atos 22.25-28), mais conhecido pelo seu nome romano Paulo. Pertencia ao partido religioso mais conceituado do judaísmo – os fariseus. (Atos 23.6; 26.5) Conhecedor do Antigo testamento, das tradições de seu povo e da língua hebraica, possivelmente cursou a universidade de tarso, dominava o idioma grego e dos autores clássicos e por ser cidadão romano, possivelmente falava o latim.
Segundo a história, para o homem adquirir a nacionalidade romana, poderia haver de três maneiras esta aquisição:
Ø  Por direito de nascença; (Atos 22.28)
Ø  Por concessão imperial; (Atos 23.27)
Ø  Por aquisição pecuniária. (Atos 24.7,22)

A CONVERSÃO DE PAULO
Após uma solicitação de autorização feita por Saulo aos principais sacerdotes, o mesmo segue em direção a Damasco, a fim de perseguir os discípulos de Cristo. Neste caminho, Paulo é confrontado por Cristo, quando próximo a cidade é envolvido por uma luz do céu representando Cristo. Após este encontro com Cristo em caminho a Damasco, o mesmo permanece durante três dias sem nada ver, sem nada comer e sem nada beber.
Paulo aguarda na casa de Judas, que ficava na Rua Direita, por um homem chamado Ananias, servo de Deus, para ser curado e voltar a enxergar.
Através de Ananias, Deus estava trabalhando na vida de Paulo, pois ali estava se cumprindo a vontade Divina, em o “perseguidor” passar a ser “perseguido”.
Paulo tem sido escolhido por Deus para levar o evangelho por todo o mundo. Após a sua conversão um dos primeiro desejo de Paulo é congregar-se com os irmãos de Damasco e testemunhar de Cristo a todos nas sinagogas da cidade, onde alguns Judeus perturbado com a sua conversão tentaram matá-lo; mas os irmãos que estavam cientes da situação, o livram, descendo-o de noite num cesto pelo muro para que o mesmo fugisse e dali seguiu para Jerusalém, a dar continuidade a obra do Senhor.
Toda esta história da conversão de Paulo está descrita em Atos 9.3-18; 22.6-21; 26.12-18.

CONCLUSÃO
O encontro de Deus com Paulo tem desenvolvido nele três principais objetivos:
Ø  Conhecer a vontade de Deus; (Atos 22.14)
Ø  Tornar-se ministro e testemunha de Jesus; (Atos 22.15)
Ø  Sofrer a favor de Cristo e do evangelho. (2 Coríntios 11.16-33)

Através da trajetória de vida de Paulo, após a sua conversão, podemos entender que Deus chama e capacita a quem Ele quer para ministérios específicos. E que Ele transforma o mais terrível dos homens num “vaso escolhido”.

Ismael Ramos.

Concordância Bíblia. Tradução e adaptação de Jabes Torres. 26ª edição; 1987.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Revista e Corrigida. Edição de 1995.
Minidicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. Caldas Aulete. 2ª edição. rev. e atual – Rio de Janeiro: lexikon, 2009.
Lição Bíblica da CPAD. Atos dos Apóstolos - até aos confins da terra. 1º trimestre de 2011.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

QUANDO A IGREJA DE CRISTO É PERSEGUIDA

Por Pr. Altair Germano
Lição 8 - 1º Trimestre de 2011
Texto Bíblico
: Atos 8.1-8
Texto Áureo: Mt 5.11
A história da Igreja foi marcada por perseguições. O próprio Senhor Jesus, os apóstolos e todos aqueles que fielmente pregaram e viveram segundo os princípios do Evangelho foram vítimas das mais cruéis e sanguinárias ações.

As primeiras perseguições contra a Igreja estão registradas no livro de Atos (At 4.1-22; 5.17-42; 6.8-15; 7.54-60; 8.1-3; 12.1-19; 14.1-7; 19-20; 16.19-26; 35-40; 17.13; 18.5-11; 19.23-41; 20.1-3; 21.27-36, 22-30; 23.12-35; 24.1-27; 25.1-12 ss.).

Os primeiros perseguidores da Igreja foram os líderes judaicos da época:

"Falavam eles ainda ao povo quando sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos; e os prenderam, recolhendo-os ao cárcere até ao dia seguinte, pois já era tarde." (At 4.1-3, ARA)

"Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita dos saduceus, tomaram-se de inveja, prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública." (At 5.17-18, ARA)

Cairns (1988, p. 46) interpreta as causas desta perseguição ao crescimento rápido da Igreja, que representou para os opositores uma ameaça às suas prerrogativas de intérpretes e e sacerdotes da lei. O Sinédrio, uma organização política e religiosa, sob a permissão romana agiu contra a Igreja. Foi nesta fase da perseguição que Estevão e Tiago foram mortos.

Comentando sobre o relato do martírio de Estevão em Atos 1.8b, Marshall (2008, p. 146) entende que o sucesso deste ataque foi o sinal para um ataque em maior escala contra a igreja em Jerusalém. Pela primeira vez a palavra "perseguição" (gr. diogmos) ocorre em Atos, significando aqui: "oprimir alguém a fim de persuadí-lo a rejeitar a sua religião, ou simplesmente atacar alguém por motivos religiosos." Kistemaker (2006, p. 383), destaca que o final - mos, aplicado ao substantivo grego, indica ação que se encontra em progresso.

Sobre essa perseguição Williams (1996, p. 174) diz que:

Até agora os saduceus é que haviam sido os principais antagonistas dos cristãos (cp. 4:1, 5s; 5:17), enquanto os fariseus, se é que Gamaliel serve de critério, de alguma forma haviam adotado uma posição mais neutra (5:34 ss). Mas Paulo, um fariseu (23:6; Fl 3:5), resolve abandonar a posição mais suave preconizada por seu mestre, e passa a liderar um movimento organizado com o objetivo de desarraigar a nova doutrina.

Stott (2003, p. 162), percebe uma tríplice intenção de Lucas na narrativa do martírio de Estevão. São elas:

- Mostrar como o martírio de Estevão provocou uma grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. "Ela começou naquele dia, o dia da morte de Estevão, e levantou-se com a ferocidade de uma tempestade repentina";

- Descrever como o martírio de Estevão provocou uma grande dispersão: "todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria (v. 1c, ARA)";

- Relatar como o martírio de Estevão provocou a perseguição, a perseguição a diáspora, e a diáspora uma ampla evangelização: "Entrementes, os que foram dispersos iam por toda a parte pregando a palavra". (v. 4, ARA).

Ao se expandir por todo o Império Romano, a igreja passou a sofrer perseguições em níveis maiores. Para entendermos as causas da perseguição contra a Igreja no Império, nos reportaremos a abordagem de Cairns (Idem, p. 70-77):

- Causas Políticas: Após ser distinguida do judaísmo e considerada sociedade secreta pelas autoridades romanas, a Igreja recebeu a interdição do estado que não admitia nenhum rival à obediência por parte dos súditos, tornando-se assim religio illicita, uma religião ilegal que ameaçava a segurança do estado romano. A tolerância religiosa era tolerada apenas na medida em que contribuísse para manter a estabilidade do estado. O cristianismo colocou César em segundo plano e Cristo em primeiro. A soberania exclusiva de Cristo entrou em confronto com as reivindicações de César à soberania exclusiva. Os cristãos foram acusados de deslealdade, pois recusavam-se a oferecer incenso nos altares devotados ao culto ao imperador. Quem sacrificasse nestes altares, podia praticar uma segunda religião. As reuniões dos crentes à noite foi entendida como a preparação para uma conspiração contra o estado.

- Causas Religiosas: A religião cristã, que se fundamentava num culto espiritual e interno, contrastava com a religião romana, que valorizava os altares, ídolos e práticas externas. As reuniões sigilosas dos cristãos fez com que ataques morais fossem feitos contra eles, acusando-os incesto, de canibalismo e práticas desumanas, distorções do "comer e beber" os elementos representativos da ceia (corpo e sangue de Cristo), e dos ósculos santos ou beijo da paz.

- Causas Sociais: A influência dos cristãos sobre as classes pobres e escravas produziu uma aversão por parte dos líderes aristocráticos e influentes da sociedade, que desprezava os crentes. A ideia e o discurso de igualdade entre os homens não soava bem para o modelo e estrutura aristocrática. A Aristocracia (do grego
αριστοκρατία, de άριστος (aristos), melhores; e κράτος (kratos), poder, Estado), literalmente poder dos melhores, é uma forma de governo na qual o poder político é dominado por um grupo elitista. Normalmente, as pessoas desse grupo são da classe dominante, como grandes proprietários de terra (latifundiários), militares, sacerdotes, etc. (wikipédia). Os cristãos também se separavam dos ajuntamentos pagãos dos templos, teatros e lugares de recreação, promovendo assim uma antipatia sem precedentes em qualquer grupo inconformista da história.

- Causas Econômicas: Como exemplo de causas econômicas, pode-se citar a oposição sofrida por Paulo dos fabricantes de ídolos em Éfeso (At 19.27). Havia, o que poderia se chamado hoje de um "mercado religioso", onde sacerdotes, fabricantes de ídolos, videntes, pintores, arquitetos e escultores lucravam com a religião.

Em sua carta ao Imperador Trajano, Plínio escreve sobre as condições na Bitínia durante a sua perseguição aos cristãos (BETTENSON, 2001, p. 30):

Sem dúvida, os templos que estavam quase desertos são novamente frequentados; os ritos sagrados há muito negligenciados, celebram-se de novo; vítimas para sacrifícios estão sendo vendidas por toda parte, ao passo que, até recentemente, raramente um comprador era encontrado.

Quando em anos posteriores o Império sofreu uma crise econômica, a opinião pública atribuiu o problema à presença do cristianismo no Império, e como consequência o afastamento da proteção e provisão dos seus deuses.

Conforme Latourette (2006, p. 111), as perseguições são em geral distribuídas em dois principais grupos cronológicos, o primeiro de Nero, até o ano 250, que foram locais e provavelmente sem muitas perdas de vidas, e o segundo grupo, abrangendo a totalidade do império, com tentativas claras de extirpar o cristianismo como uma grande ameaça ao bem-estar comum. Observaremos abaixo algumas das principais perseguições sofridas pelos cristãos nos primeiro séculos.

A Perseguição Sob Nero (54-68 d.C.)

Nero foi o primeiro imperador romano a perseguir os cristãos. Segundo Tácito (BETTENSON, idem, p. 27), por ocasião do grande incêndio na cidade, Nero acusou os cristãos e partiu para a destruição dos mesmos:

Para livrar-se de suspeitas, Nero culpou e castigou, com supremos refinamentos de crueldade, uma casta de homens detestados por suas abominações e vulgarmente chamados de cristãos. [...] Acrescente-se que uma vez condenados á morte, eles se tornavam objetos de diversão. Alguns, costurados em peles de animais, expiravam despedaçados por cachorros. Outros morriam crucificados. Outros ainda eram transformados em tochas vivas para iluminar a noite. (Tácito, Annales, XV.44)

A atitude de Nero causou repugnância e um sentimento de comiseração geral "pois se pressentia que eram sacrificados não para o bem público, mas para a satisfação da crueldade de um indivíduo" (Ibid).

Há claros indícios de que Pedro e Paulo sofreram a morte em Roma sob Nero (LATOURETTE, idem, p. 111; GONZÁLES, 1995, p. 57; CAIRNS, ibid, p. 74; DEBARROS, 2006, p. 451). Eusébio de Cesaréia (1999, P. 76), assim escreveu:

Dessa maneira, aclamando-se publicamente como o principal inimigo de Deus, Nero foi conduzido em sua fúria a assassinar os apóstolos. Relata-se, portanto, que Paulo foi decapitado em Roma e que Pedro foi crucificado sob seu governo. E esse relato é confirmado pelo fato de que os nomes de Pedro e Paulo ainda hoje permanecem nos cemitérios daquela cidade.
Após o suicídio de Nero em 68, cessou por algum tempo a perseguição aos cristãos (GONZÁLES, idem), sendo retomada em 95, durante o governo despótico de Domiciano (CAIRNS, ibid.)

A Perseguição Sob Domiciano (81-96 d. C.)

Domiciano, movido por sua vaidade e arrogância, "ordenou que fosse chamado de 'Senhor e Deus', exigiu como saudação o beija-mão ou beija-pé" (DREHER, 2004, p. 52). Por esta ocasião os judeus se recusaram a pagar um imposto público criado para o sustento de Capitolinus Jupiter. A identificação com os judeus fez com que os cristãos fossem também perseguidos. Sob o governo de Domiciano o apóstolo João foi exilado na ilha de Patmos, onde escreveu o apocalipse.

A Perseguição Sob Trajano (98-117 d.C.)

Surge aqui, sob Trajano, a primeira perseguição organizada, como parte de uma política governamental definida, começando na Bitínia durante a administração de Plínio, o Moço, por volta de 112. O que de diferente houve nesse período, foi que os cristãos não eram buscados, sendo castigados apenas quando eram acusados por alguém. Plínio enviou uma carta à Trajano, pedindo-lhe orientação sobre a forma de coibir as suas práticas, pois pensava: "o mal ainda pode ser contido e vencido". Em resposta à Plínio, Trajano escreveu (BETTENSON, ibid., p. 31):

No exame das denúncias contra os cristãos, querido Plínio, tomaste o caminho acertado. Não cabe formular regra dura e inflexível, de aplicação universal. Eles não devem ser perseguidos. Mas, se surgirem denúncias procedentes, aplique-se o castigo, com a ressalva de que, se alguém nega ser cristão e, mediante a adoração dos deuses, demonstra não o ser atualmente, deve ser perdoado em recompensa de sua emenda, por mais que o acusem suspeitas relativas ao passado. Panfletos anônimos não merecem confiança em nenhum caso. Eles constituem um mal precedente e não condizem com os nossos tempos". (Trajano a Plínio, Plin. Epp. X.XCVII)

Durante o governo de Trajano, por volta do ano 107, escreve Gonzáles (Idem, p. 66) que:

[...] o ancião bispo de Antioquia, Inácio, foi acusado ante as autoridades e condenado a morrer por ter negado a adorar os deuses do Império. Uma vez que nesse tempo celebravam grandes festas em Roma, em comemoração à vitória sobre os dácios, Inácio foi enviado à capital para que sua morte contribuísse com os espetáculos projetados. A caminho do martírio, Inácio escreveu sete cartas que constituem um dos mais valiosos documentos do cristianismo antigo [...].

Prestes a ser comido pelos leões afirmou em carta: "Sou trigo de Deus, e os dentes das feras hão de me moer, para que possa ser oferecido como pão limpo de Cristo".

A Perseguição Sob Antonino Pio (138-161 d.C.)

Foi durante o governo de Antonino Pio, que em Esmirna, aconteceu o martírio de Policarpo. Detentor de uma "retórica própria cortante, afiada por uma violenta cartase, que endereçava aos duros de coração e insensíveis ao pecado, conclamando todos ao arrependimento de suas transgressões, [...] Policarpo entrou em rota de colisão com o governador Estácio Quadrato, que tentou convencer o santo ancião a negar o nome de Cristo e a adorar a deidade Nêmese, além de outros deuses protetores de Esmirna e do Monte Pago" (MENDES, 2006, p. 131). Quando instado a renunciar e a insultar a Cristo, Policarpo respondeu: "Oitenta e seis anos tenho-lhe servido, e ele nunca me fez nenhum mal; e como posso agora blasfemar meu Rei que me salvou?" (CESARÉIA, 1999, p. 137). Já amarrado e após uma oração, Policarpo foi queimado na fogueira.

A Perseguição Sob Marco Aurélio (161-180 d.C)

Marco Aurélio atribuiu todas as calamidades de seu reino ao crescimento do cristianismo, ordenando assim uma perseguição aos cristãos. Latourette (Ibid., p. 112) escreve que provavelmente a aversão de Marco Aurélio pelos cristãos era pelo fato de pensar que eles minavam a estrutura da civilização que ele lutava para manter contra as ameaças domésticas e estrangeiras. Justino Mártir, sofreu o martírio em Roma durante esta perseguição.

A Perseguição Sob Décio (249-251 d.C.)

Numa época de grande instabilidade no império, que vivenciava ataques externos e internos, e vendo na manutenção da cultura clássica um forte aliado à subsistência, o imperador Décio, percebeu nos cristãos uma ameaça e promulgou um edito em 250 que exigia uma oferta anual de sacrifícios nos altares romanos aos deuses e à figura do imperador, fornecendo um certificado aos que obedecessem e perseguindo os que não se submetessem a esta prática. Latourette (ibid., p. 115) relata:

Sacrificar seria apostasia e na presente crença cristã a apostasia era um dos pecados pelo qual não havia nenhuma espécie de perdão. Muitos cristãos preferiram sua vida física à morte espiritual e aquiesceram completamente. Outros evitaram manifestamente um abandono de sua fé comprando os certificados venais, ou libelli, de aquiescência, sem realmente sacrificarem. Outros, tantos que nunca saberemos, enfrentaram corajosamente o pleno desprazer do Estado por não obedecer. Alguns deles foram aprisionados, entre eles, Orígenes, o bispo de Roma, e o velho bispo de Jerusalém. Esses dois últimos pereceram em prisão. Outros foram mortos imediatamente. Alguns fugiram para lugares de relativa segurança. Entre esses estava Cipriano, o famoso bispo de Cartago [...].

A Perseguição Sob Valeriano (253-260 d.C.)

Nos diz Latourette (ibid,. p. 116), que a princípio Valeriano se mostrou amigável com os cristãos, tendo o seu humor mudado, possivelmente pela influência de um de seus conselheiros. Nesta ocasião os bispos, como líderes da Igreja, foram selecionados e obrigados a reverenciar os deuses sob punição de exílio. Os crentes foram ameaçados com pena de morte se frequentassem as reuniões e cultos da Igreja, ou cemitérios cristãos. Um novo edito em 258 tornou a perseguição mais dura:

[...] presumivelmente ordenava a morte para os bispos, sacerdotes e diáconos; primeiramente o confisco das propriedades e então, se isto não fosse bastante para induzir à apostasia, a morte para os cristãos de alta posição no Estado, o confisco de bens e o banimento para as cristãs matronas, e a escravidão para os membros cristãos dos relacionados à família imperial. Por atingir as pessoas de proeminência na Igreja, esta seria destituída de sua liderança. (LATOURETTE, ibid.)

A Perseguição Sob Diocleciano (284-305 d.C.)

Sob Diocleciano , em 303, aconteceu a mais terrível perseguição contra os cristãos. Foram ordenadas o fim das reuniões cristãs, a destruição das igrejas, a deposição dos oficiais da Igreja, a prisão dos que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruição da Escrituras pelo fogo. Os cristão foram também obrigados a sacrificar aos deuses pagãos sob pena de morte caso não aceitassem. os cristãos foram punidos através do confisco de bens, trabalhos forçados, exílio, prisões e execuções à espada ou por animais ferozes.

As perseguições só acabaram por ocasião do governo de Constatino, que através da promulgação do edito de Milão garantiu a liberdade de culto a todas as religiões dentro do império:

"Nós, Constantino e Licínio, Imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do bem e da segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas benéficas à comunidade, o culto divino deve ser a nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua preferência. Assim qualquer divindade que no céu mora ser-nos-á propícia a nós e a todos nossos súditos. Decretamos, portanto, que não, obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos, os que optarem pela religião de Cristo sejam autorizados a abraçá-las sem estorvo ou empecilho, e que ninguém absolutamente os impeça ou moleste... . Observai outrossim, que também todos os demais terão garantia a livre e irrestrita prática de suas respectivas religiões, pois está de acordo com a estrutura estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto segundo sua consciência e eleição; não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões e seus adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas estabelecidas já sobre os lugares de seus cultos, é-nos grato ordenar, pela presente, que todos que compraram esses locais os restituam aos cristãos sem qualquer pretensão a pagamento... [as igrejas recebidas como donativo e os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os proprietários, porém, podiam requerer compensação.] Use-se da máxima diligência no cumprimento das ordenanças a favor dos cristãos e obedeça-se a esta lei com presteza, para se possibilitar a realização de nosso propósito de instaurar a tranquilidade pública. Assim continue o favor divino, já experimentado em empreendimentos momentosíssimos, outorgando-nos o sucesso, garantia do bem comum." (Edito de Milão, março de 313. Fonte: wikipédia)

A Bíblia e a história nos revelam que oração, coragem, intrepidez, fé, sabedoria, prudência e inteligência foram algumas das características e posturas adotadas por muitos na Igreja perseguida dos primeiros séculos, conduta esta que deve ser por nós imitida nos dias atuais.

As perseguições contra a Igreja se seguiram ao longo da história. Atualmente se manifestam em todo o mundo, e das mais diversas formas. Aberta ou discreta, barulhenta ou silenciosa, violenta ou sutil, legal ou ilegal, institucional ou pessoal, externa ou interna, a perseguição existe e se ergue sobre aqueles que amam a Deus, que estão comprometidos integralmente com a sua Palavra.

Diante desta realidade, precisamos nos manter firmes, fundamentados nas palavras de Jesus:

"Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim." (Mt 24.9-14, ARA)

"Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa". (Jo 15.20, ARA)

Glória a Deus!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 2001.

Bíblia de Estudo Almeida
. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.

CAIRNS, Earle E. O cristinismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1988.

CESARÉIA, Eusébio de. História eclesiástica: os primeiros quatro séculos da igreja cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

DEBARROS, Aramis C. Doze homens, uma missão: um perfil bíblico-histórico dos doze discípulos de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2006.

DREHER, Martin N. Coleção História da Igreja: a Igreja no Império Romano. São Leopoldo-RS: Sinodal, 1993. v. 1

GONZÁLEZ, Justo L. E até os confins da terra: uma história ilustrada do Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 1995. v. 1

KISTEMAKER, Simon.
Atos. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. v.1

LATOURETTE, Kenneth Scott. Uma história do cristianismo: até 1500 a.D. São Paulo: Hagnos, 2006. v. 1

MARSHALL, I. Howard.
Atos: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.

MENDES, Jeovah. Os grandes mártires do cristianismo: de Estevão a Luther King. Fortaleza: Imprece, 2006.

Novo Testamento interlinear grego-português. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004.

STOTT, John R. W.
A mensagem de Atos: Até os confins da terra. São Paulo: ABU, 2003.

WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ASSISTÊNCIA SOCIAL, UM IMPORTANTE NEGÓCIO.

Por Pr. Altair Germano


Lição 7 - 1º Trimestre de 2011
Texto Bíblico
: Atos 6.1-7
Texto Áureo: At 4.35

O capítulo 6 e versos 1-7, nos relata um problema surgido na comunidade cristã em Jerusalém, que provocou uma murmuração (gr. goggysmós). As ofertas eram depositadas aos "pés dos apóstolos" (At 4.34-37; 5.1-2), que com o crescimento dos discípulos começaram a ter dificuldades na administração do trabalho social, visto que estavam divididos entre este ministério, o da palavra e a oração.

A murmuração consistia no fato das viúvas gregas serem desprezadas na distribuição diária dos donativos. Boor (2003, p. 104) esclarece que "Na Antiguidade simplesmente não havia uma possibilidade de ganho próprio para as mulheres. Se uma viúva não tinha filhos que providenciassem se sustento, ela se encontrava em grande aflição". Conforme Kistemaker (2006, p. 298):

O Novo Testamento, para não dizer o Antigo, tem muito a dizer acerca da posição e dos direitos da viúva em Israel. Muitas viúvas da Palestina do século 1º enfrentaram a pobreza, mesmo que as autoridades judaicas houvessem feito provisões para o seu sustento (por exemplo, Mc 12.42-44). Dentro da igreja prevalecia o princípio de que não deveria haver nenhum carente entre aqueles que criam. Note-se que Tiago categoriza o cuidado pelos órfãos e viúvas como parte da religião que é pura e sem mancha (Tg 1.27). Paulo também prescreve regras e ordenação: para viúvas que ralmente necessitam de sustento diário; para aquelas que devem ser sustentadas pelos filhos e netos; para viúvas que têm 60 anos ou mais; para viúvas mais jovens que devem casar-se; e para mulheres crentes que devem ajudar a sustentar as viúvas (1 Tm 5.3-16).

Uma grande virtude da liderança é a capacidade de ouvir críticas sem ficar melindrado. Há líderes que não suportam críticas e questionamentos, mesmo quanto são feitos com respeito e com as melhores das intenções. Os apóstolos não ficam melindrados, e diante das críticas agem de forma objetiva, convocando a comunidade para juntos buscarem solução para o problema (BOOR, idem). Algo digno de nota em Atos é a constante participação de toda comunidade cristã em grandes decisões (1.15-26; 6.1-6; 15.6, 12, 22).

Sempre que não atentamos para as prioridades do ministério que recebemos do Senhor, estaremos passíveis de cometermos falhas, mesmo que involuntárias. Assim como no episódio aqui descrito, nos dias atuais há muitos líderes que deveriam estar ocupados com a palavra e com a oração, mas estão envolvidos com "coisas" que não deveriam ser prioritárias em sua atividade ministerial, e que deveriam ser delegadas para outros. Em meu livro Estudos Bíblicos e Escritos (2010, p. 113-114), escrevi sobre a "coisificação do ministério pastoral", e reproduzo abaixo algumas questões abordadas:

Um fenômeno tem preocupado aqueles que de maneira crítica, lançam seus olhares sobre a prática pastoral na igreja evangélica brasileira. Falo da "coisificação" do ministério pastoral. Pastor virou "gestor". O pastor não dedica mais o seu tempo para cuidar de pessoas. As coisas e os negócios da igreja se tornaram prioridades. O tempo que deveria investir em oração e na leitura devocional da palavra (relação pessoal de comunicação com Deus), e na visitação (relação pessoal de comunicação com os santos), é empreendido agora na administração dos negócios, no acompanhamento das contas, nas visitas às construções e em outras vária atividades impessoais. [...] Penso ser também uma questão de reprodução de um modelo centralizador e clerical, onde o pastor é o detentor de todos os saberes e habilidades, o único apto, capaz e vocacionado para o exercício com excelência de todos os dons espirituais e ministeriais. Pobre e medíocre visão. Precisamos de um ministério pastoral mais humanizado e menos coisificado. Para isto é necessário descentralizar as tarefas e rever as prioridades do ministério pastoral no atual contexto da igreja evangélica brasileira.

Sobre isto escreveu Stott (2003, p. 135-136):

Os apóstolos não estavam ocupados demais para ministrar; eles estavam preocupados com o ministério errado. O mesmo acontece com muitos pastores. Em vez de se concentrarem no ministério da palavra (que inclui pregar para a congregação, aconselhar pessoas e treinar grupos), eles se tornam superatarefados com a administração. às vezes, a culpa é do pastor (que quer segurar todas as rédeas em suas próprias mãos) e às vezes a culpa é do povo (que exige que o pastor seja um factótum). Em ambos os casos, as consequências são desastrosas. O nível da pregação e do ensino caem, já que o pastor tem pouco tempo para se dedicar ao estudo e à oração.

Costumo afirmar que é notório nos dias atuais a inversão dos papéis, ou seja, temos pastores fazendo a tarefa dos diáconos, e diáconos realizando a tarefa dos pastores.

A INSTITUIÇÃO DO DIACONATO

Diante do problema, a solução encontrada pelos apóstolos foi a de convocar os discípulos para que escolhessem sete homens com as qualidades necessárias para assumirem a tarefa da distribuição diária (6.3). Estes homens deveriam ter testemunho (martyrouménous), ser cheios do Espírito (pléreis pneúmatos) e de sabedoria (sophías). Boor (Ibidem, p. 105) comenta que: "Os apóstolos não dizem por que devem ser justamente 'sete'. Contudo, nas comunidades judaicas a diretoria local geralmente era formada por sete homens, os quais eram chamados 'os sete da cidade'.

Embora o termo diáconos (gr. diaconoi) não apareça no texto, muitos estudiosos entendem que aqui foi instituído o diaconato.

É relevante também a observação que Stott (idem) faz, quando comenta acerca da importância deste trabalho social (dos diáconos) em relação ao trabalho pastoral (apóstolos):

Nenhum ministério é superior ao outro. Pelo contrário, ambos são ministérios cristãos, ou seja, meios de servir a Deus e ao seu povo. Ambos exigem pessoas espirituais, "cheias do Espírito", para exercê-los. [...] A única diferença está na forma que cada ministério assume, exigindo dons e chamados diferentes.

Marshall (2008, p. 123), escrevendo sobre esta questão, afirma que: "Não se sugere necessariamente que servir às mesas está num nível mais baixo do que as orações e o ensino; a ênfase dirige-se ao fato de que a tarefa à qual os Doze foram especificamente chamados era de testemunho e evangelização."

Se esta verdade e realidade fosse entendida nos dias atuais, muitos diáconos louvariam a Deus pelo que fazem, em vez de viverem reclamando, e de buscarem atividades e posições para as quais não foram vocacionados. Por outro lado, muitos presbíteros, evangelistas e pastores deixariam de olhar para os diáconos com um ar arrogante de superioridade ministerial. Tanto para o serviço ou ministério diaconal, quanto para o serviço ou ministério pastoral, é utilizado o termo grego diaconía (v. 1, 4).

A ASSISTENCIA SOCIAL NOS DIAS ATUAIS

Sempre que o tema "Ajuda aos Necessitados" é abordado, observamos algumas reações e atentamos para alguns fatos no meio evangélico brasileiro. São eles:

1. Um Grande número de alunos, professores, dirigentes e superintendentes de EBD , obreiros e membros em geral da igreja questionam as poucas ações concretas nesta área (chamada de "social");

2. Líderes de igrejas, aproveitando o tema em evidência, resolvem fazer campanhas de doações e socorro aos necessitados, para não muito tempo depois abandonarem a prática;

3. Se percebe que muitas igrejas nunca vão além da simples distribuição aleatória de cestas básicas, sem nenhum levantamento das reais necessidades dos beneficiários;

4. Uma ênfase num certo socialismo ou comunismo cristão, fruto de uma interpretação equivocada do tema "Comunidade dos Bens" é dada. Interessante, é que os que defendem teoricamente esta ideia não a coloca em prática, partilhando todos os seus bens com os necessitados;

5. Irmãos, individualmente ou em "grupos", diante do descaso da "instituição" ou da "comunidade cristã" com a ajuda aos necessitados, acabam se achando no direito de administrarem os próprios dízimos e ofertas, não levando em consideração as recomendações (ou determinações) da liderança;

6. Igrejas se mobilizam para prestar socorro às vítimas de grandes catástrofes naturais em outras regiões, mas no seu dia a dia se esquecem de socorrer os seus necessitados (domésticos na fé), e os que vivem em situação de miséria na localidade onde está estabelecida;

7. Para dizer que socorrem os necessitados, algumas igrejas afirmam manter hospitais, escolas, creches, orfanatos e abrigos de idosos funcionando. Acontece que em alguns casos, as condições de atendimento e assistência são muito precárias. As pessoas lá atendidas sofrem de um grande descaso, desumanização e maltratos;

8. É afirmado ainda por alguns, que a igreja faz o trabalho social muito bem, mas sofre por não divulgá-lo. Entendo que pelo menos os membros deveriam tomar conhecimento das ações em favor dos necessitados;

9. A calamidade dos necessitados se acentua diante da ostentação e da vida regalada de algumas lideranças, através da aquisição e exibição dos símbolos capitalistas de "poder" e "status ministerial". Na versão e lógica "espirituosa" deste capitalismo selvagem (Teologia da Prosperidade e da Vitória Financeira), quanto mais o pastor ou líder ficar rico (ou pelo menos parecer), mais demonstrará o quanto o seu ministério é abençoado por Deus. Obviamente esta lógica acaba trazendo problemas para alguns líderes de igrejas na atualidade. Por exemplo, podemos citar a necessidade de um pastor precisar de "seguranças". Tal necessidade é resultado direto da ostentação já citada. Citamos ainda o receio que alguns possuem de terem seus filhos ou parentes sequestrados. Não consigo imaginar Jesus, Pedro, Paulo, João, Tomás de Aquino, Agostinho, Lutero, Calvino e outros ícones da fé precisando de seguranças particulares. Alguma (ou muita) coisa está errada. Viver dignamente do evangelho foi trocado por viver esplendorosamente do evangelho;

10. É interessante também afirmar, que diante do exposto no ponto acima, dentro de um mesmo ministério, há líderes que abusam das regalias enquanto outros passam extrema necessidade. A ideia, volto a deixar claro, não é de um socialismo ou comunismo ministerial cristão, falo sim (pois há uma série de fatores subjetivos aqui envolvidos) da necessidade de diminuir a distância "econômica", promovendo um viver digno para todos.

Obviamente, há um bom número de igrejas que fazem um trabalho relevante e exemplar de ajuda aos necessitados.

Não vai adiantar muita coisa (ou nada) tratarmos deste tema, sem refletir sobre a nossa condição (cada um deve assumir a sua responsabilidade), sem discussão, sem propostas de mudanças, sem planos e ações concretas.

Saber sobre e perceber como as coisas estão não é o suficiente. Necessário se faz mobilizar-se para que o nosso discurso religioso e piedoso (eloquência verbal) se torne carne e habite entre nós.

"Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta." (Tg 2.14-17)

Quando as coisas estão devidamente ordenadas e organizadas na igreja local, o resultado natural é o crescimento da palavra através do aumento de sua proclamação e ensino, e como resultado esperado, acontece a multiplicação do número de discípulos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOOR, Weiner de. Atos dos Apóstolos. Curitiba-PR: Esperança, 2003.

GERMANO, Altair. Estudos Bíblicos & Escritos. Recife-PE: Edição do Autor, 2010.

KISTEMAKER, Simon. Atos. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. v.1

MARSHAL, I. Howard.
Atos: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1982.
STOTT, John R. W. A mensagem de Atos: Até os confins da terra. São Paulo: ABU, 2003.

WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São Paulo: Vida, 1996.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

DISCIPLINA COM SENTIDO DE CORREÇÃO


Provérbios 3.11, 12: “Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enojes da sua repreensão. Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem.”

A disciplina tem o seu sentido mais geral, um ato de correção; é uma forma de buscar o melhoramento de algo ou alguém mediante a alguma regras e correções.
Correção é ação ou resultado de corrigir, o ato de reajustar algo ou alguém que não está bem, ou seja, que não está de acordo com os moldes que lhe foi ensinado.

Há um ditado que diz: “Só levanta para ensinar, quem um dia sentou para aprender.” E é bem verdade este ditado, pois como posso querer corrigir, se antes não goste de receber correção. Hoje existem muitos que não dão ouvidos aos pais, nem aos seus professores, pastores e mais velhos, pois se acham o dono da verdade, e muitas vezes querem corrigir a quem está errado quando ele mesmo nem aceita uma disciplina de outras pessoas.
Este que não aceita a correção é chamado na Bíblia como um ser TOLO, “O tolo despreza a correção de seu pai, mas o que observa a repreensão prudentemente se haverá.” (Provérbios 15.5)
Portanto, você que está debaixo da correção, permaneça assim, pois és bem aventurado, pois Deus corrige a quem ele ama. (Apocalipse 3.19) O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto. (Provérbios 12.1)

AS TRÊS COMPANHEIRAS DA CORREÇÃO: Sem elas a correção não vive só.

1-      Confissão:
Para que a correção possa ter influência em nossas vidas, é necessário que possamos cumprir algumas regras e a primeira é confessar os nossos erros, para estarmos prontos para recebermos as correções para reajustarmos a nossa vida. Mas a correção não pode ser de qualquer forma. Tem que ser com o coração quebrantado, tem que ser de forma humilde perante o Senhor Deus.
Em Josué encontramos a forma como Josué debaixo da vontade de Deus desejava ver a forma de declaração de Acã: “Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor, Deus de Israel, e faze confissão perante ele; e declara-me agora o que fizeste, não mo ocultes.” (Josué 7.19)
Acã não mostrou esta forma de confissão, por isso foi castigado e o seu castigo foi a morte, portanto amados irmãos, com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. (Romanos 10.10)

2-      Arrependimento:
A segunda regra é estarmos certos de mudarmos nossas opiniões ou atitudes que foram fatos no passado. Será que estamos pronto para este arrependimento. Arrepende-te, pois; (Apocalipse 2.16ª)
Davi demonstrou arrependimento diante a sua confissão perante o profeta Natã: “Pequei contra o Senhor.” (2 Samuel 12.13ª) Que você neste instante esteja colocando em seu coração o desejo de arrependimento para que Deus possa operar um milagre em sua vida.

3-      Libertação:
Por fim, temos a terceira regra que é a libertação, ao qual podemos também chamar de libertação, pois no momento em que confessamos os nossos atos e demonstramos arrependimento, o Senhor Deus nos concede a libertação por seu filho Jesus Cristo. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres. (João 8.36)

A correção é a verdade que conduz o ser humano a um melhor relacionamento com Deus e os outros. (João 8.32: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.)

Portanto meus amados irmãos, Pega-te à correção e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida. (Provérbios 4.13)

Ismael Ramos.

DISCIPLINA A LUZ DA BÍBLIA



Efésios 2.21: “No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.”

Neste estudo venho com o objetivo de diagnosticar os principais símbolos de disciplina a luz da Bíblia, mas antes, vamos observar o sentido desta palavra mediante dicionários e pesquisas feitas em sites de busca.

Disciplina tem a mesma etimologia da palavra “discípulo”, que significa “aquele que segue”. Então qualquer pessoa que segue uma disciplina, esta pode ser chamada de discípulo.
Segundo o minidicionário contemporâneo da língua portuguesa de Caldas Aulete, disciplina significa:
1.       Princípios de ordem estabelecidos para o funcionamento adequado de instituição, atividade etc.
2.       Sujeição a esses princípios e sua observância, espontânea ou imposta.
3.       Disposição e constância para realizar algo; Persistência.
4.       Área do conhecimento humano, esp. Aquela estudada no ensino escolar; matéria.
Esta palavra por sua vez, significa instruir, educar, ensinar, treinar, corrigir, dando idéia de modelagem total de caráter.
Se levarmos a palavra disciplina para o campo militar, veremos que é considerada uma qualidade a ser perseguida pelos soldados, com o objetivo de torná-los aptos a não se desviarem de uma conduta padrão, desejável para o bem comum da tropa, mesmo em situações de pressão extrema.

Fazendo uma ligação destes sentidos citados acima com a Bíblia, podemos ver que a Bíblia nos fala de vários símbolos para a disciplina cristã, mas destacarei 3:

a)      SOLDADO
Se formos ver o sentido de disciplina no campo militar (citado acima), é o que Cristo também deseja de nós, pois em 2 Timóteo 2.3-5 Paulo diz: “Como soldados de Cristo ajamos de modo disciplinado e perseverante, a fim de agradar ao que nos arregimentou para a guerra.”
O crente deve ser este soldado que siga um modelo de qualidade baseado na Bíblia sagrada, ao ponto de serem aptos a manterem sua conduta padrão até mesmo em pressão extrema que passamos neste mundo vil.

b)      ATLETA
Disciplina vem com sentido de perseverança e o exemplo disso encontramos em 1 Coríntios 9.25: “No tempo antigo, eram os atletas mais do que disciplinados. Na conquista de uma coroa de louro, empenhavam-se além de suas forças.”
O Crente que é um atleta disciplinado (perseverante) encontra o seu objetivo que é Cristo. E o atleta que é disciplinado, mantém o seu ritmo e busca empenhar-se o melhor possível para a conquista da coroa de justiça, a qual o Senhor, Justo juiz, dará a todos os que amarem a sua vinda. (2 Timóteo 4.8)

c)       AGRICULTOR
Em João 4.36 diz: “O agricultor é paciente e disciplinado, pois o cultivo é árduo e estressante. O agricultor prepara a terra, lança a semente, rega, afugenta os predadores e depois colhe os frutos.”
O Crente deve está pronto para suportar o cultivo árduo e estressante, pois somente quem é disciplinado, sabe regar, preparar e cultivar a terra com paciência.

A disciplina é para todos quantos estão prontos para recebê-la, independente da situação em que esteja, seja ela boa ou não, mas o que tenho a lhe dizer é que toda correção é para um melhor crescimento da igreja. Pois Deus repreende e castiga a todos quanto ama; sê, pois zeloso e arrepende-te. (Apocalipse 3.19)
Pois, qual edifício bem ajustado, não cresce?!
Bem sei que a igreja de Cristo está até hoje em pé, pois ainda existem cristãos disciplinados e que tem o maior prazer em ver a igreja do Senhor crescer. Que você a partir deste instante possa também ter esse desejo de seguir os ensinamentos de Cristo de forma a manter-se firme buscando o crescimento para templo santo no Senhor.

Por Ismael Ramos.