quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Professor como Animador de Inteligências

(Pr. Marcos Tuler)
Você considera seus alunos inteligentes? Já observou se eles pensam bem antes de responder a uma questão mais elaborada? Costumam compreender, interpretar e assimilar o conteúdo recebido, com certa facilidade? O que significa ser inteligente? O vocábulo “inteligência” vem da junção de duas palavras latinas, inter “entre” e eligere “escolher”. No sentido amplo, inteligência é a capacidade cerebral pela qual conseguimos compreender as coisas a partir da escolha do melhor caminho. Entretanto, no sentido mais restrito, podemos dizer que inteligência é a capacidade de resolver problemas novos por meio do pensamento. De certo modo, isso concorda com o ensinamento geral da Bíblia sobre o assunto: Deus nos fez com a habilidade de nos adaptarmos às novas situações e problemas da vida. Ele nos criou com a competência de pensar. Por isso, em sala de aula, devemos oferecer aos nossos alunos a oportunidade da iniciativa, criatividade e esforço próprio, sem os quais, jamais desenvolverão amplamente sua capacidade cognitiva  -  imprescindível à aprendizagem.

Quem é o aluno inteligente?

Você é capaz de identificá-lo? Ele está em sua classe? O aluno inteligente não é somente aquele que aprende com facilidade, mas também o que se adapta às situações inéditas e problemas da vida. Ele pensa reflexivamente e exprime suas opiniões e idéias com clareza e exatidão. É aquele que está sempre pronto para aprender coisas novas, conforme ensinou Francis Bacon, “um homem inteligente consegue criar mais oportunidades do que ele encontra.”
 
Por que animador de inteligências?

A pedagogia moderna diz que ensinar é fazer pensar, é estimular para resolução de problemas. Portanto, o mestre deve estimular o educando a pensar por conta própria. Ou seja, produzir pensamentos novos por sua própria vontade e esforço. Não se sabe bem por que, mas há professores, tanto na educação secular quanto na cristã, que não propiciam a seus alunos a oportunidade de pensar com autonomia. O Mestre dos mestres não agiu desse modo! Jesus sempre estimulou seus discípulos a pensarem por meio de perguntas inquiridoras e situações que requeriam profunda reflexão. Seus questionamentos indiretos exigiam que os discípulos comparassem, examinassem, relembrassem e avaliassem o que havia aprendido. Ao ensinar a multidão por meio de parábolas, sua intenção nunca foi a de confundir seus ouvintes, mas, sim, de estimulá-los a descobrir o significado das palavras que Ele proferia.
Ao longo de alguns anos venho enfatizando que o professor não é apenas um transferidor de informações e conhecimentos. Sua principal função, segundo Gardner, é animar, estimular, despertar as potencialidades e as múltiplas inteligências de seus alunos. Contar histórias para crianças é uma excelente técnica de ensino, mas por que terminá-las sempre? O ideal é que a criança interaja com a história contada, apresentando o final dela ou trechos que pressuponham continuidade.

Incentive a construção do pensamento
Outra prática interessante é incentivar os alunos a recontar a lição com suas próprias palavras, oralmente ou por escrito. Isso faz com que apreendam e assimilem o pensamento central do conteúdo de ensino com mais facilidade. O professor não deve formular perguntas com respostas óbvias. O correto é elaborar questões que lhes permitam refletir criticamente em mais de uma possibilidade de resposta. Na procura pelas melhores e mais adequadas respostas, os alunos ponderam, analisam as experiências anteriores e buscam novas informações que os ajudam a esclarecer, explicar e validar a nova experiência de aprendizagem.

O aluno que pensa com autonomia tem iniciativa, determinação, e está apto para colaborar com o professor e partilhar seus conhecimentos com os colegas. Pensar é aprender a ser livre, responsável e honrado. É duvidar, questionar, não de forma altaneira, orgulhosa, presunçosa, mas visando o bem comum. Pensar não é repetir ou simplesmente reproduzir. É ativar o que de nobre há no ser humano, porque pensar é também sentir, intuir. Acerca disso, advertiu-nos o educador norte-americano, John Dewey: “O objetivo da educação devia ser ensinar a pensar, e não ensinar o que pensar”.

Nossos alunos não são “mentes vazias”
O professor deve abandonar a retrógrada postura de não reconhecer os saberes de seus alunos, uma vez que trazem consigo os conhecimentos adquiridos em outras situações de aprendizagem, vivências e experiências. Conforme afirmou David Ausubel, “o fato singular mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece”.

Grande parte do que o mestre ensina e pratica em classe não é de sua própria lavra ou propriedade intelectual. Nossos alunos não são “mentes vazias”! Não são recipientes ou bancos de dados, ao contrário, são seres pensantes, criativos, imaginativos, extraordinários. Pensam o tempo todo enquanto recebem nossos conteúdos e instruções. Possuem conhecimentos bíblicos e gerais que precisam ser valorizados e compartilhados. O mestre da Escola Dominical precisa estar atento para essa realidade. Não há mais como “esconder as cartas na manga” à maneira dos “experts” do passado que monopolizavam a informação para se mostrarem superiores a seus alunos. Hoje, a tecnologia de ensino não é mais a informação, e sim, a comunicação. E o professor... bem... o professor assume um papel mais relevante: animador de inteligências coletivas.    

Marcos Tuler é pastor, pedagogo, escritor, conferencista e Reitor da FAECAD (Faculdade de Ciência e Tecnologia da CGADB)
Contatos

marcos.tuler@cpad.com.br
www.marcostuler.com.br
www.prmarcostuler.blogspot.com.br

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

NÃO SABE SE CASA OU SE COMPRA UMA BICICLETA?

Artigos sobre namoro e relacionamento.

 


Não sabe se casa ou se compra uma bicicleta?
Geralmente, quem reclama por uma decisão é aquele que quer casar e sabe muito bem disso! Quem não quer ou está em dúvida, vai “empurrando com a barriga”, deixando a vida acontecer pra ver o que vai dar lá na frente.

No entanto, mesmo que aparentemente o “indeciso” não sofra, isso pode não ser exatamente uma verdade. Até porque, se existisse alguém que realmente tivesse certeza absoluta de que não quer se comprometer, certamente nem se envolveria. Mas não é isso o que acontece.

Até mesmo quem não sabe o que quer, prefere “ficar”, beijar, divertir-se e aproveitar as delícias de um encontro amoroso a permanecer sozinho. Ou seja, a grande maioria dos seres humanos – pra não correr o risco de generalizar dizendo todos – quer, sobretudo, compartilhar sua vida com alguém.

Talvez aqui coubesse bem o célebre verso de nosso querido Vinícius de Moraes: “Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho”. Sim, porque sozinho, sozinho, não conheço ninguém que queira de fato ficar!

Então, por que será que, vira e mexe, conhecemos ou ouvimos falar de um fulano ou uma sicrana que fica-mas-não-namora, namora-mas-não-casa, ou ainda, casa-mas-não-se comporta-como-tal? Qual será a dificuldade ou o medo de assumir integralmente um compromisso, com todos os ônus e bônus que essa escolha significa?

E convenhamos: esse dilema não deve ser nada recente, também nada deve ter a ver com a modernidade ou as facilidades dos encontros virtuais, já que até nossos avós citavam, de vez em quando, o famoso dito popular “o sujeito não sabe se casa ou se compra uma bicicleta”. Ou seja, a história da dúvida vem de longe!

Sim, claro, nem sempre é fácil tomar uma decisão tão importante sem ter nenhuma duvidazinha sequer. No entanto, isso é muito diferente de ir arrastando relacionamentos indefinidamente. Esse quadro revela, antes de tudo, alguém que precisa investir urgentemente em autoconhecimento e amadurecer afetivamente para poder fazer escolhas que possibilitem a si e ao outro a visão de uma luzinha que seja no fim do túnel.

Porque enquanto isso não acontece, o que vemos são pessoas cansadas de cobrar uma posição, inseguras pela falta de certezas do outro e até, dependendo do nível do “embromation”, com vontade de por à prova esse amor que mais parece de araque!

Pois bem, se não podemos negar que quem vai aguentando mais um pouco, sempre à espera da decisão do outro, certamente está colaborando para que a situação perdure, também não podemos – de forma alguma – simplesmente absolver quem fica em cima do muro, esquentando lugar, atrasando a vida alheia, sem nunca dar o próximo passo!

Ninguém é obrigado a um “sim” do qual não esteja certo, isso é verdade. Mas é dever de todos, isso sim, ser sincero, claro, transparente e objetivo. Não quer casar ou está em dúvida? Tudo bem. É seu direito! Mas se esse cenário está virando enredo de novela mexicana, então, mesmo correndo o risco de ficar só, ao menos seja autêntico e íntegro o bastante para dizer ao outro com todas as letras, sem rodeios, sem enrolação, sem desculpas, sem lero-lero.

Por fim, tente, tanto quanto conseguir, ser coerente. Dizer que não quer ou que está em dúvida e continuar rodeando como mosca sobre pão-doce, é covardia pura. Quem quer casar sempre tem esperança de que o outro também queira, e esse desejo faz bastante sentido. Portanto, que você não seja voluntário para desiludir, amargar e fazer secar o sentimento de quem tanto lhe quer bem... Isto é, sem dúvida, atitude de quem demonstra pelo outro, no mínimo, respeito e consideração!