quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O QUE É ORAÇÃO. Subsídio para lições bíblicas da CPAD (Pr. Altair Germano)

Neste último trimeste de 2010 o tema oração será abordado nas Lições Bíblicas da CPAD.

Esperamos em Deus, poder continuar publicando semanalmente os nossos subsídios. Continuo contando com as vossas orações.

Iniciarei este texto, com algumas belas frases sobre o valor da oração:

"A oração é o ato onipotente que coloca as forças do céu à disposição dos homens." (Henri Lacordaire)

"Eu creio que sou incapaz de odiar. Através de uma disciplina baseada na oração, faz pelo menos quarenta anos que procuro amar todos."(Mahatma Gandhi)

"A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos." (Tiago)

"Não há homem que, orando de todo coração, não aprenda alguma coisa." (Ralph Waldo Emerson)

"A oração é a irmã trêmula do amor." (Vítor Hugo)

"Na oração, é melhor ter um coração sem palavras do que palavras sem um coração.” (John Bunyan)

Segundo Thiessen, ninguém poder ler a Bíblia sem ficar impressionado com a importância do lugar dado à oração em suas páginas. Começando com a conversa entre Deus e Adão, e por todo o Antigo e Novo Testamento, temos exemplos de homens que oravam. A oração, segundo nos apresentada nas escrituras, vai além de um privilégio, ela é uma ordem (Gn 18.22-23; II Rs 19.15; Sl 5.2; 32.6; I Sm 12.23; Jr 29.7; Mt 5.44; 26.41; Lc 18.1; 21.36; Ef 6.18; I Ts 5.17, 25; I Tm 2.8; Tg 5.13-16).

- Esdras entendia que a oração era mais importante que um exército (Ed 8.21-23);
- Jesus a julgava mais necessária que o alimento e o sono (Mt 4.2; Mc 1.35; Lc 6.12);
- Os apóstolos a colocavam antes da pregação (At 6.4).

A NATUREZA DA ORAÇÃO

A oração tem sido definida como a “conversa da alma com Deus”. Orar é falar com Deus. A oração bíblica possui algumas características que passaremos a abordá-las;

a) Confissão. Chegar-se diante de Deus com consciência de nossas falhas e fraqueza humana, expressando um profundo desejo de melhor servi-lo e agradar-lhe, é fator fundamental na oração, como pode ser visto nos textos que se seguem (I Rs 8.47; Ed 9.5-10; Ne 1.6,7; 9.33-35; Dn 9.3-15; Lc 18.9.14);

b) Adoração. Adorar é reverenciar, louvar, reconhecer a majestade e a soberania de Deus. É amá-lo por aquilo que Ele é. (Sl 45.1-8; Is 6.1-4; Hc 3.17-19; Mt 14.33; 15.25; 28.9; Ap 4.11);

c) Comunhão. Do grego koinonia, fala do relacionamento que o crente passa a manter com Deus, mediante o sacrifício de Cristo Jesus no calvário. Nesta condição, pode dirigir-se a Deus, chamando-o de Pai (Mt 6.9; Rm 8.15);

d) Ação de graças. Temos vários exemplos desta prática na oração: A canção de Miriã (Êx 15), A canção de Débora (Jz 5) e A canção de Davi (II Sm 23). As Escrituras são repletas de exortações para que sejam dadas ações de graças (Fl 4.6; Cl 4.2; Ef 5.20; Sl 95.2; 100.4).

e) Petição. É somente depois de termos glorificado a Deus em nossa oração que estamos prontos a pensar em nós mesmos. A petição é o ato de tornar conhecidos os nossos pedidos. É verdade que antes mesmo de expressar nossas necessidades e desejos, Deus já as conhece. Contudo Ele tem prazer de conosco se comunicar através da oração (Dn 2.17, 18; 9.16-19;Mt 7.7-12; Jo 11.22; Atos 4.29, 30; Fl 4.6).

f) Súplica. Suplicar é simplesmente insistir em nosso pedido;

- Daniel fez petição e súplicas a Deus (Dn 6.11);
- O espírito de súplicas será derramado sobre Israel (Zc 12.10);
- A mulher siro-fenícia suplicou e seu pedido foi ouvido (Mt 15.22-28);
- Os eleitos que clamam a Deus dia e noite serão ouvidos com presteza (Lc 18.1-8);
- Paulo nos exorta a suplicar (Ef 6.18; I Tm 2.10).

g) Intercessão. Do latim intercessionem, é súplica em favor de outrem. A intercessão pressupõe sofrer com os que sofrem; chorar com os que choram; e, tomar, como se fossem nossas, as dores alheias. É dizer a Deus que nos importamos com o sofrimento e as necessidades do próximo.

- Deus procura intercessores (Is 59.16);
- Devemos interceder em favor de todos os homens (I Tm 2.1);
- Por todos quanto ocupam posição de autoridade (I Tm 2.2);
- Pelos ministros (II Co 1.11; Fl 1.29);
- Por todos os santos (Ef 6.18);
- Pelos patrões (Gn 24.12-14);
- Pelos servos (Lc 7.2, 3);
- Pelas crianças (Mt 15.22);
- Pelos enfermos (Tg 5.14);
- Pelos que nos perseguem (Mt 5.44);
- Por nossos inimigos (Jr 29.7);
- Pelos que nos invejam (Nm 12.13);
- É um pecado neglicenciarmos a oração intercessória ( I Sm 12.23);
- A oração intercessória beneficia o próprio intercessor (Jó 42.10).

O MÉTODO E A MANEIRA DE ORAR

Apesar de ser uma tendência natural e universal, o homem precisa aprender a orar (Lc 11.1; Rm 8.26). Com base nos princípios e natureza da oração aqui já aprendidos, Jesus deixou um modelo para nossas orações, designada “O Pai nosso” (Mt 6.9-13). Consideremos, então, o método e modo bíblico de orar.

- A posição de orar. As Escrituras não prescrevem nenhuma posição em particular, mas ilustram e ensinam todas elas:

- Em pé (Mc 11.25; Lc 18.13; Jo 17.1);
- Ajoelhado (Lc 22.41; I Rs 8.54; Ef 3.14; At 20.36);
- Prostrado no chão (Mt 26.39);
- Deitado na cama (Sl 63.6);
- Assentado (I Rs 18.42);
- Pendurado na cruz (Lc 23.42).

Tudo isto indica que não é a postura do corpo que importa, mas, sim, a atitude do coração (Jo 15.17a). Há, contudo, mais indicações de que as pessoas ou se postaram de pé ou se ajoelharam para orar quando se aproximaram de Deus, do que qualquer outra posição.

- A hora de orar. As escrituras ensinam que devemos orar sempre (Lc 18.1; Ef 6.18); mas ensinam também que devemos ter horários estabelecidos para a oração (Sl 55.17; Dn 6.10; At 3.1). É verdade que todos esses são exemplos do que os outros fizeram, e não preceitos acerca da oração, mas pelo menos indicam que a regularidade em orar é desejável. Não há, portanto, uma hora especial para podermos Ter uma audiência com Deus, mas todo momento é igualmente aceitável para Ele.

- O lugar de orar. Percebemos que a Bíblia encoraja a oração secreta, no quarto, longe de todos os elementos ao nosso derredor que nos podem perturbar (M t 6.6; Dn 6.10; Mc 1.35; Mt 14.23). Há também exemplos de oração na prisão (At 16.25), como em vários outros lugares públicos. Paulo nos admoesta a orar “em todo o lugar” (I Tm 2.8).

A disciplina da oração é profundamente necessária na vida devocional do cristão, juntamente com a leitura da Palavra de Deus. Devemos sempre lembrar que a nossa oração precisa estar totalmente em linha e alicerçada por esta Palavra (Jo 15.7).

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA (Pr. Altair Germano)

A Lição Bíblica desta semana é a última do 3º trimestre/2010. A ênfase do seu conteúdo trata da atividade missionária da igreja. Temos assim, uma excelente oportunidade para refletirmos sobre:

- O quanto estamos interessados por missões
- O quanto compreendemos o que é "missão"
- O quanto estamos conscientizados sobre "missão
- O quanto estamos envolvidos com "missão"

O CONCEITO DE MISSÃO

"Missão" pode ser definido como a proclamação, o ensino e o testemunho do Evangelho do Reino, a todas as pessoas, em todos os lugares, no poder do Espírito.

A maior responsabilidade da igreja é a pregação do Evangelho. Somente ela pode fazer isto (Ef 3.10; 1 Tm 3.14-15; 1 Pe 2.9).

O MÉTODO DA MISSÃO

Há várias formas e maneiras de se fazer missões:

- Através do ensino da Palavra ou do discipulado (Mt 28.18-10)
- Através da proclamação da Palavra (Mc 16.15-18)
- Através do testemunho (At 1.8; At 4.20; 20.24)
- Através do anúncio da Palavra (At 4.2)
- Através da pregação ou evangelização (At 15.35)

O LOCAL DA MISSÃO

A obra missionária pode ser realizadas nos mais diversos locais:

- No lar (Mc 5.18-20)
- Nas cidades (At 5.12-16)
- Em outras culturas (Mt 24.19; At 8.4-8; 11.20-25)
- Em outros países ou nações (At 16.6-10)

A MENSAGEM DA MISSÃO

A mensagem da missão é o Evangelho (Mc 16.15). Não se trata aqui de qualquer "evangelho", mas, de todas as coisas ordenadas por jesus (Mt 28.20),. Trata-se do evangelho :

- Da graça de Deus (At 20.24)
- Das insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3.8),
- Poderoso (Rm 1.16)
- Da paz (Ef 6.15)
- Da glória (1 Tm 1.11)
- Das virtudes de Deus (1 Pe 2.9)

MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA
Enquanto prega o Evangelho, a igreja cumpre ao mesmo tempo a sua missão profética. Se não puder cumprir a sua missão profética, a igreja não poderá pregar o Evangelho.

Em sua missão profética, como a Igreja está se comportanto e se posicionando diante das grandes contradições sociais, da decadência espiritual e moral de nossa época?

Como já escrevi, penso que algumas questões graves contribuem para que pastores, pregadores, ensinadores, líderes cristãos em geral e algumas igrejas silenciem diante das injustiças sociais e do pecado em nossos dias.

Muitos profetas e a atividade profética da igreja está comprometida por diversas motivos, dentre os quais:

- Com a institucionalização da igreja, dentro da própria igreja observamos a prática da injustiça, quando algumas lideranças exploram os dízimos dos pobres (dos ricos também) para manter o seu luxo palaciano. Há líderes que deixam de investir no socorro aos necessitados, na educação e na evangelização para que sobre dinheiro para o gasto abusivo com carros luxuosos, apartamentos, mansões, fazendas, aviões etc. Outros investem timidamente nestas obras, para tentar passar uma falsa imagem ou mascarar a realidade. Volto a repetir que um líder deve viver dignamente, mas não deve destoar absurdamente da realidade social e econômica de sua comunidade cristã. Não sou apologista da mendicância, nem da ostentação luxuosa desnecessária e extremamente vaidosa;

- Pastores, pregadores, ensinadores e outras lideranças fazem a cada eleição alianças com candidatos e políticos corruptos, ladrões, devassos e arrogantes. Se vendem e negociam o voto da igreja em troca de favores como terrenos, comissões, cargos para familiares, parentes e amigos, ajuda para realização de festividades ou obras. Nestas questões, há uma verdadeira promiscuidade em nossos dias. Ao fazerem tais alianças, este líderes ou igrejas perdem a sua autoridade profética, visto que tal autoridade está associada à nossa integridade moral e manutenção dos princípios bíblicos;

- Algumas de nossas organizações (escolas, universidades, faculdades, convenções estaduais, regionais e nacionais de igrejas e ministros, etc.) deixaram de ser relevantes, existindo atualmente para basicamente servir para distribuição de cargos, ser fonte de vantagens financeiras, privilégios, roubos, extorsões, esquemas, fraudes, corrupções, promotoras de brigas, facções, dissensões e de escândalos internos e externos, locais, regionais e nacionais. Os que tem acesso às provas desta realidade se omitem, geralmente, por terem sidos ou por serem beneficiados de alguma forma pela situação.

Dessa forma, pode-se entender o silêncio profético de muitos para com as questões políticas e sociais de nossa época.

Não dá para confrontar Acabe (os líderes políticos de fora e os líderes "políticos" e religiosos de dentro) quando se compactua do seu pecado, ou quando se teme perder o emprego, o salário, algum cargo ou função alcançada, ou ainda a perda de oportunidades, convites ou agendas. Tal postura é covarde e mercenária. Precisamos seguir o exemplo de Micaías (1 Rs 22.13-14).

Não dá para denunciar o "pecado de Herodes" (Mt 14.3-12) quando se senta na mesa com "Herodes" para negociar ou buscar favores ilícitos ou imorais. É interessante lembrar que nem sempre legalidade é sinônimo de moralidade.

Apesar do momento crítico, o ministério profético na Igreja não será extinto. Tenho viajado pelo Brasil e conhecido muitas lideranças e instituições sérias, honestas e ainda comprometidas com o bem comum, com a justiça socia, com os princípios e com as prioridades do Reino de Deus.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL (Por Ismael Ramos)

"Eu tenho a certeza de que as escolas dominicais são, atualmente, a melhor instituição prática para controlar esses elementos indisciplinados e violentos da sociedade e providenciar-lhes uma educação básica." (Robert Raikes em audiência com a Rainha Carlota da Inglaterra)


História da Escola Dominical no Mundo

As origens da Escola Dominical já existe desde os tempos bíblicos, mediante a ordença Divina ao povo de Israel que ensinasse a Lei de geração a geração. Podemos ver que a história do ensino bíblico começa em Moisés e vai passando pelos tempos dos reis, sacerdotes, profetas, Esdras, ministério de Jesus e Igreja Primitiva, estas são as raízes da Escola Dominical.

Apesar de já haver reuniões similares de instrução bíblica, Robert Raikes (1736-1811) aparece na história para popularizar e dinamizar esse ensino bíblico debaixo da graça de Deus, jornalista episcopal com 44 anos, iniciou na cidade de Gloucester, localizada no Sul da Inglaterra em 1780 um trabalho de educação cristã ministrada à crianças que não frequentavam escola.
Robert Raikes trabalhava entre os detentos da cidade e observando a delinquência infantil na cidade, pensou no futuro daquelas crianças e o que para muitos era um problema que parecia insolúvel, ele decidiu fazer algo em favor delas, a fim de que mais tarde não fossem parar na cadeia. Todos os domingos Robert Raikes saia pelas ruas a convidar as crianças transgressoras, para se reunirem e aprender a palavra de Deus, além do ensino das escrituras, Raikes ministrava-lhes várias disciplinas seculares: Matemática, História, instrução moral e cívica e o inglês.
Podemos ver que tudo que fazemos para o crescimento da obra de Deus, sempre surgem impecilhos e barreiras que tentam nos tirar dos planos divinos e foi o que ocorreu na jornada deste grande homem. Raikes chegou até a ser acusado de ser "Profanador do Domingo", alguns chegavam a dizer: Onde já se viu comprometer o dia do Senhor com esses moleques? mas o que o povo não sabiam era que ali estava sendo sustentada e fundamentada a maior de todas Escolas Teólogica do Mundo, Escola Dominical.
Embora Raikes tenha começado esta atividade em 1780, foi apenas em 1783, após três anos de oração, observações e experimentos, que colocou em prática a divulgação dos resultados desta obra pioneira, mais preciso no dia 3 de novembro de 1783 foi realizado a publicação destes dados no Gloucester Jornal, em que era redator. Eis o porque a data foi escolhida como o dia da fundação da Escola Dominical. Raikes contava com o apoio de inumeráveis pessoas, tais como, John Wesley (1703-1791) e William Fox. Em 1788 a Escola Dominical já possuia, só na Inglaterra, mais de 250 mil alunos matriculados.
Raikes não sabia que estava dando inicio a uma obra espiritual de grande porte que atravessaria fronteiras e séculos como sendo a mais poderosa agência de ensino da Palavra de Deus e que nenhuma igreja, hoje, começa sem dispor de uma Escola Dominical. Raikes demonstrou uma verdadeira vida de consagração em serviço do Mestre.

História da Escola Dominical no Brasil

Os missionários escoceses Robert Read Kalley (1809-1888) e Sara Poulton Kalley (1825-1907) são considerados os fundadores da Escola Dominical no Brasil. Apesar de conhecermos a história de que antes mesmo de eles chegarem aqui, já havia reuniões de Escola Dominical, no Rio de Janeiro, porém, em caráter interno e no idoma inglês, entre os membros da comunidade americana.
Entendemos os Metodistas serem os pioneiros, quando em viagem para o Brasil em 19 de agosto de 1835 o missionário, Rev. Fountain E. Pitts viu um grande campo para evangelização, observou uma porta oportuna para a pregação do Evangelho, mesmo o país sendo de caráter católico. Só em 29 de abril de 1836, o missionário, Rev. Justin Spaulding, desembarca no Rio de Janeiro com esposa e filho, dando inicio ao ensino da palavra de Deus com mais de 40 crianças e jovens, reunindo-se aos domingos às 16:30, tendo duas classes de pretos, uma fala inglês, a outra em português.
Segundo alguns historiadores, afirmam que a primeira Escola Dominical no Brasil dirigida em português, foi organizada no dia 01 de maio de 1836, baseados em documentos que possuem. Porém em 1841 os trabalhos metodista encerram no Brasil, o Rev. Spauldinh retorna aos Estados unidos. Essa missão Metodista só teria o seu reinício definitivo no Brasil, em 05 de agosto de 1867 com a chegada do Rev. Junius Eastham Newman (1819-1895) no Rio de Janeiro.

Uma Escola Definitiva dar-se inicio com a chegada no Rio de Janeiro no dia 10 de maio de 1855, às cinco horas da manhã, do médico e pastor escocês Robert Reid kalley acompanhado de sua esposa, Sarah Poulton Kalley. Depois de alguns meses no Brasil anunciando a palavra de Deus, em 19 de agosto de 1855, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, eles dirigiram a primeira Escola Dominical em terras Brasileiras, com apenas cinco crianças, mas a semente foi plantada, germinada e foi suficiente para florescer esse trabalho e alcançar várias cidades em nosso país. Essa mesma Escola Dominical deu origem à Igreja Congregacional no Brasil.
Segundo algumas informações da Igreja Congregacional de Petrópolis, o local onde funcionou a primeira Escola Dominical no Brasil, está instalado um colégio (Colégio Opção, R. Casemiro de Abreu).

Segundo Antonio Gilberto em seu livro "A Escola Dominical" (2003-p.16): Atualmente, o número de alunos em todo o mundo atinge quase 100 milhões. Há cerca de quatrocentas mil escolas, com quatro milhões de professores.

Desde então a Escola dominical vem crescendo em toda  denominação, trazendo a importancia e ensinamentos de Deus e sua Palavra (Bíblia Sagrada). Foi assim o começo do maior movimento histórico bíblico em todo o mundo - Escola Dominical.

Concordo com Antonio Gilberto em dizer que o plano divino inclui também as crianças, pois devemos lembrar que a Escola dominical nasceu como um movimento entre as crianças. Aprendamos com Jesus. (A Escola Dominical, 2003-p.18)

Por Ismael Ramos.

Notas Bibliográficas:

GILBERTO, Antônio. A Escola Dominical - A história da mais importante Instituição de Estudo bíblico e a sua importância para o povo de Deus. 2003-3ª edição.

http://www.metodistasonline.kit.net/historiaedbrasil.htm

http://www.escoladominical.com.br/

http://www.icrvb.com/conteudo.php?id=88

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A ORIENTAÇÃO DA APRENDIZAGEM (Prof. Marcos Tuler)


De que modo o professor orienta a aprendizagem? Uma das principais tarefas do mestre é disponibilizar meios, técnicas e procedimentos para incentivar seus alunos. O educador não possui o poder de motivar os alunos, mas pode despertar-lhes o interesse por sua matéria ou conteúdo de aula. Qualquer educando só aprende se estiver interessado. O professor precisa cativar a atenção dos educandos a despeito de não atingir seus objetivos educacionais. Caso contrário, será tempo perdido.
Se o professor souber apresentar bem sua matéria ou tema de estudo a ponto de levar o aluno à compreensão inicial do assunto, certamente obterá êxito em seu ensino. A compreensão é o primeiro passo para se aprender qualquer coisa.
É necessário ao mestre saber orientar as atividades discentes com segurança e apurada técnica. Todo professor precisa saber aplicar o conhecimento ensinado, visto que é isso que assegurará a autêntica aprendizagem dos alunos.
Outro ponto importante na orientação da aprendizagem é a integração dos conteúdos. O intuito desse procedimento é proporcionar aos alunos uma visão de conjunto, bem concatenada e ordenada de tudo que já foi aprendido.
Finalmente, o professor também tem como tarefa essencial promover a fixação dos conteúdos de aprendizagem, visando consolidá-los em definitivo e torná-los uma conquista permanente para o aluno.

Por: Prof. Marcos Tuler

Matéria Publicada na Revista Enfoque Gospel


Cristo usa conosco a persuasão do amor
Celso de Carvalho


Para Penha Mota, 43 anos, de Serras (ES), o domingo é sagrado. Há 14 anos ela tem a mesma rotina. Acorda às seis e meia da manhã, dá uma breve ajeitada na casa, toma seu café, confere os jornais e segue, junto com a filha, para a Escola Bíblica Dominical da Igreja Nova Vida. “Tenho sede de conhecimento e paixão pela Palavra. Lá na EBD, aprendi a orar e a meditar”. Para Penha e outros milhares de brasileiros, a Escola Bíblica Dominical é um espaço de debates, estudo e construção da fé cristã. Todavia, a EBD não é unanimidade. Enfraquecida em algumas regiões devido à falta de estrutura e investimento, há correntes que defendem uma remodelagem para que ela se torne mais atual, contextualizada e participativa.

Ao contrário de muitas histórias de conversão, a de Penha é inversa. Seu primeiro contato com o Evangelho se deu quando ela começou a freqüentar uma classe de EBD e, posteriormente, os cultos noturnos. “Pensam que a EBD é coisa do passado, mas isso é por causa daqueles que vivem um cristianismo sem compromisso”. De fato, a EBD, literalmente falando, é coisa do passado. A primeira surgiu em 1802, nos Estados Unidos, e foi fundada por William Elliot. No Brasil a primeira foi realizada em 19 de agosto de 1855, em Petrópolis (RJ), por Robert e Sarah Kalley. No primeiro encontro, Sarah contou com a participação de cinco crianças. Aquela aula foi suficiente para que seu trabalho florescesse. Essa mesma escola deu origem à Igreja Evangélica Fluminense, marco das Igrejas Evangélicas Congregacionais no Brasil.

Para o pedagogo Marcos Tuler, também pastor e autor de cinco livros na área de ensino, nenhum outro segmento da educação cristã possui um cronograma de estudo sistemático da Bíblia tão profundo, eficaz e abrangente

Eduardo Luis Carpenter tem um elo histórico com esse momento. Ele é bisneto de uma das crianças que estiveram nesse culto há mais de 150 anos. “A EBD serve de instrumento para a aproximação das pessoas e conseqüentemente à comunhão”, frisa ele, que é pastor da Igreja Congregacional da Cantareira, em Niterói (RJ).

À frente da direção executiva da Editora Sarah Kalley, Carpenter se dedica em trabalhar na confecção do jornal O Cristão – o primeiro periódico evangélico no Brasil, com 115 anos – e de elaborar material para estudos bíblicos nas revistas de EBD.

RAIO-X DA EBD

Com a explosão evangélica, o costume de freqüentar a EBD foi diminuindo com o tempo. É notória a diferença entre a assiduidade de antes e de agora, principalmente em relação aos cultos noturnos. Em média, é 40% menor, segundo especialistas. A maior desculpa é o cansaço, falta de tempo e mudança no foco para movimentos alternativos, como Escola de Líderes, Profetas, entre outros. Não há uma pesquisa atualizada e ampla sobre o desenvolvimento da Escola Bíblica no Brasil. A última foi realizada em 2000, sob encomenda da Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD). Através de doze mil questionários enviados, entre junho e agosto, a todos os estados do Brasil, foi possível traçar um raio-X sobre a EBD no meio assembleiano. Mais de 189 mil pessoas responderam ao censo. Os estados mais atuantes foram Minas Gerais (21,89%), Rio de Janeiro (17,45%) e São Paulo (17,15%). Das igrejas ouvidas, a média de freqüência corresponde a 47,53% dos membros e congregados. Em sua grande maioria, as classes são divididas por faixa etária, sendo a de adultos e jovens as mais fortes. Para 78,1%, a EBD tem a função de desenvolver a espiritualidade, para 45%, ganhar almas, e 60,94% acham que ela deve treinar os crentes para o serviço do Mestre.

O levantamento também revelou outros dados interessantes. Dos líderes ouvidos, apenas 69,82% afirmam que promovem campanhas para ganhar novos alunos. A divulgação interna sobre a função da EBD foi considerada regular para 25,44% e boa para 40% dos entrevistados. A justificativa para esse fenômeno, segundo o pastor Lécio Dornas, 43 anos, docente nacional do Instituto Haggai no Brasil, é que na maioria dos casos, por modismo ou por entendimento equivocado de novas propostas de organização eclesiástica, este momento de ensino está perdendo força. “Abolir a EBD seria puro modismo”, frisa.

Para o pedagogo Marcos Tuler, também pastor e autor de cinco livros na área de ensino, nenhum outro segmento da educação cristã possui um cronograma de estudo sistemático da Bíblia tão profundo, eficaz e abrangente. “Não há outra proposta educativa que possibilite um estudo completo das Escrituras ajustado à idade, à capacidade e à linguagem dos educandos de cada segmento como a EBD”, relata Tuler, chefe da Divisão de Escola Dominical da CPAD. De fato, as classes não são apenas um apêndice da estrutura geral. A EBD se confunde com a própria essência da igreja.

Mesmo com a percepção da importância desse método de ensino, existe ainda uma questão que vem preocupando dirigentes e líderes: como criar uma EBD participativa? José Humberto de Oliveira, editor e escritor da Editora Cristã Evangélica, acredita que é fundamental que o professor valorize o aluno, criando relacionamentos interpessoais saudáveis, aulas criativas e uso de dinâmicas. “O professor precisa ter sabedoria para aplicar temas às necessidades de sua igreja ou contexto cultural no qual está vivendo”. Oliveira realiza congressos para professores e superintendentes desde 1994 e tem experiência de sobra para avaliar tanto a performance de quem ensina, como o plano de aula e o interesse de quem aprende.

Outro segredo é o planejamento. Assim como a preparação de um sermão, uma aula também deve merecer estudo e pesquisa. E aulas apenas discursivas, onde o professor fala o tempo todo sem parar e sem recursos didáticos, tendem a ter cada vez menos espaço. E aí Lécio Dornas é taxatixo: “Todos os grandes pensadores foram grandes perguntadores”, parafraseando o escritor Augusto Cury no livro Pais Brilhantes, Professores Fascinantes.

Outro passo a ser dado, na visão de Paulo Martinez, que representa a Apec (Aliança Pró-Evangelização de Crianças), é que o professor deve ser criativo até na forma como seus alunos se posicionam em sala de aula. “Eles devem se assentar de tal maneira que possam ver os rostos uns dos outros”. Portanto, vale mudar a posição de mesas e cadeiras. Por que não?

Estimular a mente, aprofundar temas, instigar pesquisa, debates, painéis e encenações, pode ser um exercício motivador para o ensino do Evangelho. Tuler, por exemplo, acha que para a Escola Dominical ser atuante e participativa, seu líder deve cativar a atenção de sua clientela através das seguintes providências: administrar a escola de forma eficiente, elaborar um plano de crescimento, ampliar estruturas através de novos departamentos, organizar classes e mobílias; ter métodos criativos de ensino; obter apoio e investimento da liderança. Cada item desses não é uma tarefa fácil, principalmente quando faltam recursos.

E por falar em uso de boa criatividade, a Primeira Igreja Batista em São José dos Campos (SP) demonstrou que mudou a rotina da EBD. Alugou um espaço perto do templo e, aos domingos, as crianças e os pais são levados num trenzinho ao local.
A experiência aumentou a freqüência e deu mais qualidade às aulas.

“Todos os grandes pensadores foram grandes perguntadores”, lembra o pastor Lécio Dornas, que escreveu Socorro! Sou Professor da Escola Dominical
TECNOLOGIA E ENSINO

No passado, lousas ou quadros-negros eram usados. Hoje os recursos são os mais variados: datashow, revistas modernas, coloridas e ilustradas, vídeos e até o quadro digital, uma tecnologia que funciona com toques na tela do computador, selecionando informações. Ou seja, quando se pensa que o datashow ainda é equipamento moderno, surgem rapidamente outras alternativas com maiores condições de otimizar as aulas e o interesse dos alunos. “A EBD ainda não está acompanhando o desenvolvimento tecnológico e os recursos disponíveis para melhorar o ensino”, frisa Martinez.

A preocupação é pertinente, já que as crianças de hoje são constantemente ligadas à modernidade. “Infelizmente, há regiões em que alguns ainda sonham com o jurássico retroprojetor”.

O melhor recurso não pode estar dissociado da melhor qualidade de ensino. Nesse momento, o questionamento passa a ser: professor de Escola Dominical precisa ter formação específica? Lécio Dornas dá sua resposta, defendendo que, antes de qualquer coisa, é preciso ter o dom do ensino.

O pastor também aborda a necessidade de treinamento para a capacidade de interpretação. Em seu livro Socorro! Sou Professor da Escola Dominical, ele fala exatamente sobre o tema, bem como o uso de recursos didáticos e revistas que também tenham conteúdo voltado para a realidade da região da igreja.

José Leonardo, 27 anos, da Assembléia de Deus de São José dos Campos (SP) viveu bem esse problema. Quando foi professor da EBD, percebia que os materiais eram descontextualizados e não correspondiam ao dia-a-dia dos fiéis. Com o tempo, ele tentou adaptar o conteúdo, aprovado pelos alunos mas reprovado pela direção, que o afastou do cargo. “Hoje não me sinto mais interessado em participar”. Outro problema vivido pelos professores são os atrasos na entrega dos materiais. Adeagna Laborba, de Manaus (AM), sofreu com isso. Superintendente da EBD, ela precisou repetir lições antigas e atrasar o andamento da escola para que o material chegasse a tempo. “Os alunos foram os maiores prejudicados”, justifica ela, mostrando que nem todos os dirigentes de sua equipe tinham formação pedagógica, portanto, precisavam de mais tempo para planejar as aulas. Aliás, ter pedagogos nas salas da EBD é luxo para poucas igrejas. No censo da AD, apenas 5,62% disseram ter formação pegadógica. A grande maioria foi escolhida pela voluntariedade e desejo de ensinar (62%) e maturidade espiritual (79%). O professor do Centro de Estudos Teológicos do Vale do Paraíba (SP), José Humberto de Oliveira, endossa a pesquisa se referindo à seleção dos professores, mencionando três pontos: vida, conhecimento e unção. “É preciso ter conhecimento mínimo sobre educação. E também não basta ter conteúdo; é preciso saber como ensinar o que se sabe”.

SAIBA MAIS

Manual do Professor de Escola Dominical – Marcos Tuler, CPAD
Recursos Didáticos para Escola Dominical – Marcos Tuler, CPAD
Dicionário de Educação Cristã – Marcos Tuler, CPAD
Ensino Participativo na Escola Dominical – Marcos Tuler, CPAD
Abordagens e Práticas da Pedagogia Cristã – Marcos Tuler, CPAD
Socorro! Sou Professor da Escola Dominical – Lécio Dornas, Editora Hagnos
101 Idéias Criativas para Professores – David Merkh e Paulo França, Editora Hagnos

Na internet
www.editoracristaevangelica.com.br
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www.editoracentralgospel.com.br
www.cpad.com.br

Atualmente, surgem mais e mais variedades de material para as classes de EBD. Apesar disso, outro questionamento surge: será que esses produtos têm qualidade? Quando deve acontecer a renovação de livros e revistas? O pastor José Humberto afirma que essa troca deve ser constante. “Cada geração exige uma nova maneira de pensar e agir. Nosso material sempre sofre uma renovação”, conta ele, que trabalha à frente da Editora Cristã Evangélica. Sobre crianças, a Apec entende e observa que é preciso que o currículo atenda à necessidade espiritual do segmento. Recomenda que isso deva ser feito através de pessoas comprometidas com o ensino.

Para o pastor Eduardo Carpenter, o futuro da Escola Dominical é se tornar cada vez menos dominical, se espalhando por outros dias da semana. “Da mesma forma, e atendendo às necessidades da pós-modernidade, o templo deixará de ser local exclusivo e as casas e outros espaços deverão ser ocupados”, finaliza.

Atentado ao World Trade Center completa 9 anos (Ciro Zibordi)

11/09/2010


O atentado ao World Trade Center será muito lembrado em todo o mundo, nessa semana. Isso porque, há nove anos, na manhã de 11 de setembro de 2001, dezenove terroristas embarcaram em quatro voos domésticos na costa leste dos Estados Unidos para promo
verem atentados contra edificações em Washington e Nova York.
Há alguns dias, tive o privilégio de visitar essas duas importantes cidades e conhecer o local onde estavam as Torres Gêmeas, em Nova York. Ali, onde existe também uma grande estação de metrô, estão sendo levantados outros edifícios, que serão mais imponentes que os anteriores.

As pesquisas que fiz in loco me fizeram acreditar ainda mais que, de fato, as Torres Gêmeas foram derrubadas por terroristas, ao contrário do que afirmam os conspiracionistas. Estes, adeptos da escatologia do terror, insistem em afirmar que o governo norte-americano as implodiu simplesmente para dizimar a população e satisfazer a Illuminati.

São, no mínimo, risíveis algumas argumentações que tenho ouvido a respeito da tal tragédia e fico espantado quando vejo pessoas esclarecidas acreditando nelas.
Segu
ndo uma matéria sensacionalista contida em um DVD e em canais do YouTube, a prova de que o governo norte-americano — o “grande satã” — teria derrubado as torres, promovendo um mega-sacrifício, baseia-se no fato de que vários edifícios altos já haviam pegado fogo antes e não caíram. Por que as maciças estruturas do World Trade Center desabaram tão facilmente, com o “simples” impacto de aviões cheios de combustível?
A reportagem sensacionalista não leva em conta que os dezenove terroristas estavam preparados e minuciosamente informados a respeito da estrutura daqueles edifícios; eles sabiam exatamente como derrubá-los. Por isso, os aviões atingiram pontos específicos, fazendo com que a parte superior deles descesse sobre a inferior. Esta não supo
rtou o peso (mais de cem mil toneladas) e implodiu. De acordo com especialistas, as torres suportariam, no máximo, o choque de um Boeing 727. E foram usados pelos terroristas aeronaves 757 e 767. Eles sabiam o que estavam fazendo.
Nessa minha recente visita a Nova York, estava acompanhado do meu amigo Nilton Didini Coelho, que é engenheiro civil. E ele confirmou o que já me dissera: “aqueles edifícios foram projetados para suportarem esforços físicos naturais: força do vento, chuvas, pequenos sismos, etc. Eles não estavam preparados para resistir a abalos mecânicos imprevisíveis. Os engenheiros do World Trade Center não tinham como prever que grandes aviões, cheios de combustível, poderiam se chocar com os edifícios exatamente naqueles andares”.
Perguntei ao engenheiro Didini: Será que o “simples” impacto de uma aeronave, em um dos andares, seria suficiente para derrubar toda aquela estrutura? E ele me respondeu que as colunas foram “empilhadas” de acordo como uma excentricidade que lhes dava estabilidade em conjunto com os ligamentos de cada pavimento. Ao serem atingidos, os pilares que se deslocaram do seu eixo fizeram com que os de cima viessem abaixo em pouco tempo.
Os teólogos do terror apreciam muito as teorias de conspirações ligadas aos Estados Unidos. Eles gostam de contrariar as versões oficiais, a fim de convencer a todos de que o governo norte-americano está
a serviço dos “senhores do mundo”. Quando olhamos para a Bíblia, vemos que não cabe ao cristão esse tipo de julgamento calunioso (Mt 7.1,2).

Lembra-se da pergunta que fizeram a Jesus acerca da queda de uma torre em Siloé, a qual vitimou dezoito vidas? Qual foi a sua resposta? Ele não declarou quem era o culpado daquela tragédia, mas usou-a para advertir as pessoas de que elas precisavam se arrepender e buscar a Deus (Lc 13.2-5).

Não cabe a nós acusar os Estados Unidos de terem causado a implosão das Torres Gêmeas — primeiro, porque já está mais do que comprovado que elas caíram em decorrência dos aludidos atentados terroristas —, nem especular sobre pretensas interpretações proféticas que rodeiam a tal catástrofe. A nossa prioridade é pregar o Evangelho a todo o mundo (At 1.7,8), e não apontar os pecados da “grande nação pecadora”, acusando-a de ser títere ou subserviente de sociedades secretas.

Os teólogos do terror gostam de apontar os pecados norte-americanos. Mas, o que está escrito em 1 Coríntios 5.12,13? “Porque tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão d
e fora”. No tempo da lei mosaica, os profetas denunciavam os pecados de Israel e das nações vizinhas. Hoje, esse tipo de julgamento pertence ao Senhor, pois estamos no tempo da graça. Cabe a nós o julgamento dos nossos próprios pecados, o qual deve sempre começar “pela casa de Deus” (1 Pe 4.17; 1 Co 11.31,32).

Po
r que essa ânsia de provar a todos que os Estados Unidos são os causadores da catástrofe no World Trade Center? Uns dizem que a Illuminati e o Anticristo estão por trás de tudo; outros, que Deus castigou a “grande nação pecadora”; e outros, que Ele permitiu que aqueles ataques terroristas acontecessem para gerar um grande despertamento. Eu prefiro esta terceira opção.
Aquela tragédia, sem dúvidas, tocou a alma de muitos estadunidenses, especialmente os nova-iorquinos. A cidade famosa pela sua aparente frieza foi atingida em cheio, e uma profunda ferida foi aberta no coração coletivo. Muitas pessoas devem ter ponderado que podiam estar no lugar daquelas que saboreavam um delicioso Starbucks Coffee em um dos andares de uma das torres...
Jim Cymbala, pastor do Brooklyn Tabernacle, em Nova York, ao se referir aos dias que seguiram os atentados, afirmou: “A igreja estava repleta de gente, e, mesmo assim, o porteiro me disse que havia filas de pessoas que saíam da igreja. [...] Mais de seiscentas pessoas naquele domingo aceitaram o convite de entregar a vida ao Senhor em um ato de pura fé. [...] Ironicamente, o mal que o ódio cego e a violência suicida dos terroristas causou, Deus pode converter em bem e realizar uma grande colheita espiritual de almas. [...] não é hora de condenar e culpar. É hora de ter compaixão e, confiantes, renovar o testemunho em Jesus Cristo. Não é momento para ter medo ou fugir para algum lugar remoto e escondido” (A Graça de Deus no 11 de Setembro, Editora Vida, pp.17-25).

Não é tempo de aterrorizar o povo de Deus com especulações infundadas e inúteis. É momento de vigiar, orar e evangelizar o mundo (Mt 24.42-44; Mc 16.15).

Ciro Sanches Zibordi

O voto é a principal arma dos evangélicos? (Ciro Zibordi)

As armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus (2 Co 10.4)


Na minha adolescência, eu priorizava coisas efêmeras. Torcedor fanático do Palmeiras — torcedor mesmo, daquele tipo que ficava uma semana triste, cabisbaixo, caso o time do coração perdesse —, lembro-me de uma vitória épica do Alviverde Imponente sobre o seu arquirrival. Joguei o rádio de pilha longe e saí pulando pelo quintal... Acabei enroscando o pescoço em um varal onde minha mãe estendera roupa e quase morri...

Se eu ainda fosse fanático pelo verde-que-te-quero-verde, meu voto, sem dúvidas, seria do candidato palmeirense José Serra ou da candidata do Partido Verde Marina Silva. Eu jamais votaria em uma candidata apoiada pelo corintiano roxo Luiz Inácio Lula da Silva, que inclusive está apoiando a abertura da Copa de 2014 no novo estádio do seu time de coração, em São Paulo. Mas, hoje, penso de modo diferente, e a preferência clubística — que palavra horrível (!), porém muito usada pelos cronistas esportivos — me é irrelevante.

Por outro lado, minha esposa é funcionária pública, e o governo Lula tem sido generoso com os servidores. Caso eu pensasse de modo egoísta, sem dúvidas a minha candidata seria a senhora Dilma. Entretanto, como se sabe, os evangélicos estão unidos (?) para impedir que o dilmismo (ou o rousseffilismo) vença, principalmente em razão do seu liberalismo, uma das marcas do petismo e do lulismo.

Usando a linguagem futebolística, para os evangélicos a liberal Dilma Rousseff está “na marca do pênalti”, o sem graça José Serra está sendo “jogado para escanteio”, e a carismática — mas evangélica — Marina Silva “está subindo na tabela”, posto que sabe “fazer um bom meio de campo”. Ao que me parece, o marinismo (e não o pevismo) é mesmo o partido mais equilibrado, a despeito de ser também o que gera mais dúvidas, por causa da inexperiência.

Será que a pevista Marina Silva conseguirá fazer um bom governo estando em um partido de tão pouca representatividade? Estaria ela preparada para governar o Brasil? Daria ela continuidade aos bons projetos em andamento? Conseguiria ela montar uma boa equipe ministerial? Pelo que tudo indica, o dilmismo petista vencerá (não sei se em primeiro turno), seguido do serrismo peessedebista. Quanto ao marinismo, será bem votado, sobretudo pelos evangélicos.

NÃO VOTAREI EM DILMA ROUSSEFF.

NUNCA VOTEI NO PT, a despeito de reconhecer que o lulismo tem contribuído para o progresso do Brasil em algumas áreas. Considero a irmã Marina Silva uma pessoa íntegra, exemplar, bem intencionada, com um bom passado, etc. Mas não sou adepto do movimento “cristão vota em cristão”. Penso que precisamos escolher pessoas realmente habilitadas, capacitadas, para a função que desejam exercer. Nesse caso, estou mais propenso a votar no palmeirense...

Mas, será que a igreja deve mesmo se preocupar prioritariamente com o voto? Seria a eleição de um candidato mais decisiva do que a influência que a igreja pode exercer no mundo através da oração, da evangelização e do exemplo de uma vida santa? Sinceramente, estou incomodado ao ver inúmeros líderes evangélicos mais confiantes no voto do que nas verdadeiras armas à disposição da igreja.

É claro que, com o voto, podemos eleger pessoas do bem, compromissadas com a moralidade, a ética, a justiça, etc. Mas, o que a igreja tem de melhor para mudar o Brasil é o voto? Não! As nossas armas são a intercessão, a evangelização e o exemplo de uma vida santa.

Que tipo de exemplo têm dado os líderes evangélicos que acusam Dilma, Lula e o PT? Tem sido a igreja evangélica brasileira um referencial ético, moral e social? O Senhor Jesus disse que o seu Reino não é deste mundo (Jo 18.36). Como cidadãos, devemos votar. Mas a militância política não é a nossa tarefa prioritária.

Se todos os evangélicos votarem contra o PT, é possível que Dilma venha a perder a eleição presidencial. Por outro lado, se ela ganhar, mesmo com a oposição dos evangélicos, a situação poderá ficar pior para a igreja. Por quê? Porque teremos no governo brasileiro uma fera ferida.

Considero louváveis, até certo ponto, os movimentos para induzir os crentes a não votarem em candidatos contrários aos princípios bíblicos e favoráveis à imoralidade. Mas eu gostaria de ver líderes evangélicos estimulando o povo de Deus a orar mais pelas autoridades constituídas, obedecendo ao que está escrito em 1 Timóteo 2.1-3. Queria ver, também, líderes pregando o verdadeiro Evangelho, que confronta o pecado (aborto, homossexualismo, imoralidade, etc.), em vez de promoverem shows, que apenas agradam as multidões incautas.

Penso que a criticidade ácida contra o PT está sendo levada ao extremo por alguns líderes evangélicos, em detrimento da oração, da evangelização e do exemplo. Creio que é melhor orar mais, evangelizar mais, influenciar mais. E acusar menos. Não vejo no Novo Testamento uma igreja politizada. Vejo, antes, uma igreja cujos líderes afirmavam: “nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra” (At 6.4).

Em Cristo,

Ciro Sanches Zibordi

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

PARA EDUCAR, É PRECISO TER PACIÊNCIA (Por Cristiana Vieira)

São Paulo, 09 (AE) - É o fim dos tempos da palmada. Pelo menos é o que promete o tão comentado projeto de lei que coíbe a prática do castigo físico, homenageando os 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A medida vem garantir ao menor de idade o direito de ser educado sem o uso de castigos corporais por parte dos pais ou responsáveis. "Quando o adulto bate, não está educando. Interrompe um comportamento errado, porque não conseguiu resolver o problema de outra maneira", explica a educadora Cris Poli, a SuperNanny, do SBT.


Na visão da experiente Cris, educar requer muita paciência e pode ser muito mais saudável e divertido do que se pensa. Para ela, qualquer intensidade da palmada significa agressão. Quando os pais estão estressados e querem resolver um problema rapidamente, apelam para o tapa. A criança que apanha só para de agir porque dói, o que não quer dizer que vai mudar de comportamento. "A educação é um processo consciente, e visa à formação do indivíduo", explica.

Mãe de três filhos e avó de quatro netos, Cris Poli está há quatro anos à frente do programa de TV semanal, onde já atendeu mais de 90 mil famílias. Diz que, nesses anos, encontrou muitos pais desestruturados emocionalmente . Então, os ajuda a organizarem uma rotina, a imporem regras claras e a associá-las ao "cantinho da disciplina" (um lugar para os pequenos ficarem de castigo).

Diz que, primeiro, os pais têm de estabelecer uma rotina, discutir o que está errado, mostrar como gostariam que fosse e, finalmente, definir a regra e fazer o filho entender e aceitar aquele acordo. "A criança tem de saber que é uma decisão dela obedecer à regra e que, quando desobedecer, terá consequência, que pode ser ficar de castigo no tapete, na cadeira, no degrau...", ensina. O tempo indicado para o castigo corresponde a um minuto por cada ano de idade, pois a criança não vai raciocinar por mais do que esse tempo. Quando acabar o castigo, é importante que se estabeleça um diálogo com carinho: "você está aqui porque aconteceu isso, mas eu amo você", e o adulto dá um beijo no pequeno.

Em compensação, quando a criança se comporta e obedece, deve haver um reconhecimento pelo esforço. Afinal, obedecer a regras não é fácil nem para o adulto. Também é importante que as normas sejam claras e concretas, para evitar o comportamento aleatório dos pais. Ou seja, evitar que, quando estiverem de bom humor, relaxem o castigo, ou quando estiverem mal humorados, sejam mais severos. Para Cris, o comportamento dos pais é norteado por outro fator: se foram agredidos na infância, vão usar a mesma metodologia com os filhos.

Em relação à lei, a educadora lembra que há outros tipos de violência que não deixam marcas na pele, como a agressão psicológica, que afeta a autoestima e deixa marcas para o resto da vida. Cris escuta muitos pais dizerem que não têm paciência. Mas alerta: "para ser pai ou mãe, tem de ter paciência!"




A educadora Cris Poli será uma das preletoras do 6º Congresso Nacional de Escola Dominical da CPAD, que acontecerá de 23 a 26 desse mês, em Maceió (AL). Não perca a oportunidade, faça já a sua inscrição. Acesse o link: http://www.cpad.com.br/6congresso/

O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA NUMA PERSPECTIVA BÍBLICA, EXEGÉTICA E TEOLÓGICA (Pr. Altair Germano)

Resolvi escrever sobre o tema, em razão da grande confusão feita em torno do ministério de "evangelista". Seria o "evangelista" um oficial da Igreja, ou alguém dotado do "dom espiritual de evangelista", mesmo sem ter um cargo oficial na Igreja?


1. Análise Exegética e Conceitos

Os texto bíblicos que mencionam o ministério e a pessoa do evangelista são:

"No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia; e, entrando na casa de Filipe, o evangelista (, que era um dos sete, ficamos com ele." (At 21.8)

"E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres," (Ef 4.11)

"Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério." (2 Tm 4.5)

Os termos gregos traduzidos nas passagens acima para "evangelista" são:

- At 21. 8:
εὐαγγελιστοῡ (euangelistou)

- Ef 4.11:
εὐαγγελιστάς (euangelistas)

- 2 Tm 4.5
εὐαγγελιστοῡ (euangelistou)

No "Dicionário Vine" (CPAD, 2003, p. 629-630) lemos:
"euangelistes (εὐαγγελιστής), literalmente, 'mensageiro do bem' (formado de eu, 'bem', e angelos, mensageiro), denota 'pregador do Evangelho' (At 21.8; Ef 4.11, que deixa claro a distinção da função nas igrejas; 2 Tm 4.5). [...] Os missionários são 'evangelistas' por serem essencialmente pregadores do Evangelho."

Nesta definição exegética do VINE, o seu entendimento de "função" não fica claro em termos de tratar de "cargo" ou "atividade específica".

O "Dicionário Internacional do Novo Testamento" (Vida Nova, 2000, p. 764) especifica que:

"euangelistes é um termo para 'aquele que proclama o euangelion'. Esta palavra, que é muito rara na literatura não-cristã, embora fosse bastante comum nos escritos cristão primitivos, se acha no NT apenas em At 21.8, Ef 4.11, e em 2 Tm 4.5. Nestas três passagens, faz-se distinção entre o evangelista e o apóstolo. Tal fato fica especialmente óbvio no caso do evangelista Filipe, pois sua atividade teinha que ser ratificada pelos apóstolos Pedro e João (At 8.14-15). Fica claro que o termo euangelistes, portanto, tem a intenção de se referir a pessoas que levam a efeito o trabalho dos apóstolos que foram diretamente chamados pelo Cristo ressucitado. Mesmo assim, é difícil se a referência diz respeito a um cargo, ou, simplesmente, a uma atividade (grifo nosso). É possível que estes evangelistas tenham se ocupado na obra missionária (At 21.8) ou na liderança da igreja."

Perceba que Coenen e Brown, no "Dicionário Internacional do Nove Testamento", assim como Vine, Unger e White Jr. no VINE, acham dificuldades em afirmar que "evangelista" era um "ofícial" da igreja, assim como eram os πρεσβύτερος (presbiteros, cf. Atos 20.28; 1 Tm 3.2; 1 Pe 5.1; 2 Jo 1; 3 Jo 1), os ὲπίσκοπος (episkopos ou bispos, cf. At 20.28; Fp 1.1; 1 Tm 3.2; Tt 1.7; 1 Pe 2.25) e os διάκονος (diákonos, cf. 1 Tm 3.8, 12).

Na "Chave Linguística do Novo Testamento Grego" (Vida Nova, 1995, p. 393) Rienecker e Rogers definem o termo εὐαγγελιστής da seguinte forma:

" [...] alguém que proclama as boas novas, evangelista. Um evangelista era a pessoa que pregava o evangelho recebido dos apóstolos. Ele era, particularmente, um missionário que levava o evangelho a novas regiões (v. Schlier; Barth; NDITNT)".

Na "Teologia Sistemática" de Berkhof (Cultura Cristã, 1990, p. 538), juntamente com apóstolos e profetas, "evangelista" é designado de "oficial extraordinário", enquanto os oficiais ordinários são o presbítero, o mestre e os diáconos.

Na obra "Palestras Introdutória à Teologia Sistemática" de Thiessen (IBRB, 1987, p. 299-330), o "evangelista" não é incluído entre os oficiais da igreja.

Em sua "Teologia Sistemática" Strong (Hagnos, 2003, p. 674) diz que "É dois o número de oficiais na igreja de Cristo: primeiro o de bispo, presbítero, ou pastor; e segundo o de diácono".

Na "Teologia Sistemática: atual e exaustiva" de Grudem (Vida Nova, 1999, p. 758-774), são listados como oficiais os apóstolos, os presbíteros (pastores/bispos) e os diáconos.

Em "Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual", de Ferreira e Myatt (Vida Nova, 2007, p. 932-934), tratando sobre "As formas de governo eclesiástico", tanto no episcopalismo anglicano e metodista (desviado pelo catolicismo e modificados por várias igrejas pentecostais), como no governo presbiterial (característico das igrejas reformadas, como a "presbiteriana") e no governo congregacional (adotado especialmente pelas grejas batistas), não é citado pelos autores o ofício de "evangelista".

Escrevendo sobre o "Governo da Igreja", o missionário Eurico Bergstén, em sua obra "Introdução à Teologia Sistemática" (CPAD, 1999, p. 269-270), define como funções na Igreja: pastor (cf. Ef 4.11), presbítero (cf. Tt 1.5) e diácono (cf. 1 Tm 3). O "evangelista" também não aparece em sua relação.

No livro "A Igreja e as Sete Colunas da Sabedoria", Severino Pedro (1998, p. 87) diz que:

"Nos dias dos apóstolos, os evangelistas eram missionários pátrios que efetuavam a missão evangelizadora da Igreja entre os judeus e depois aos gentios, em posição subordinada aos apóstolos (Lc 10.1-17; At 8.4;11, 19). [...] A missão primordial dos evangelistas era a pregação das Boas Novas do Reino de Deus; igualmente a missão dada aos apóstolos no início de seus ministérios. Em ambos os casos, a idéia de pregar está presente nessas ocasiões."

Severino Pedro (idem, p. 89-90) classifica os "evangelistas" em três categorias: os evangelista voluntários (At 4.31; 8.4; 11.9), que seriam todos aqueles que de alguma forma pregam o evangelho, os evangelistas autorizados (cf. 2 Tm 4.5), neste caso ele não afirma a ordenação de Timóteo, e os evangelistas ordenados (Ef 4.11), do qual somente Filipe é um exemplo bíblico.

Em "Teologia Pastoral" de José Deneval Mendes (CPAD, 1999, p.28):

"O evangelista é um portador inflamado pelo amor de Deus de boas-novas às almas perdidas, e cuja mensagem principal é a graça redentora de Deus. No ministério evangelístico, é o normal Deus operar grandes milagres com o objetivo de despertar o povo para a mensagem da da sua Palavra. Assim como aconteceu em Samaria (At 8) e tem acontecido através dos tempos".

Aqui também não está clara a idéia de "ofício" ou de atividade extra-oficial.

Na Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD, 1995, p. 1815), lemos que:

"No NT, evangelista eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho, i.e., as boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da salvação (Rm 1.16). [...] O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja que deixa de apoiar e promover o ministério de evangelista (grifo nosso) cessará de ganhar convertidos segundo o desejo de Deus. [...] A igreja que reconhece o dom espiritual de evangelista (grifo nosso) e tem amor intenso pelos perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor (At 2.14-41)".

Perceba mais uma vez, que a idéia de "ofícial da igreja" não fica clara, antes, são utilzados os termos "ministério de evangelista" (que necessariamente não implica em função oficial) e "dom espiritual de evangelista", onde neste sentido, Filipe, o "oficial" diácono, poderia ter o dom espiritual de evangelista, que o impulsionou a realizar o que está registrado nos textos já citados neste artigo.

2. Evangelista: ministério oficial (cargo) ou atividade espiritual extra-oficial?

Como vimos nas análises exegéticas e conceitos acima, não há consenso ou firmeza em declarar que o "evangelista" era um "oficial" da igreja. O cargo (oficial) não existe não grande maioria das denominações evangélicas, e, quando existe, como no caso das Assembleias de Deus, uma grande confusão é feita em torno do mesmo. Por exemplo:

a) O evangelista, na grande maioria dos casos, é um cargo conferido a alguém desprovido das características bíblicas aqui afirmadas (amor pelas almas, habilidade para pregar o Evangelho; sinais sobrenaturais no seu ministério, poder em sua mensagem etc.);

b) O cargo de evangelista ocupa uma posição hierárquica abaixo do pastor, o que não se sustenta exegeticamente. Esta hierarquia consiste numa "escadinha" na seguinte ordem: auxiliar local, auxiliar oficial, diácono, presbítero, evangelista e pastor (e agora, em algumas convenções, "bispo"). Em razão disto, muitos evangelistas preferem (ou são chamados), pelas mais diversas razões, o título de "pastor". Conheço alguns que em seus cartões, em cartazes de eventos e em outras ferramentas de identificação, divulgação ou publicidade, usam a designação de "pastor" em vez de "evangelista";

c) Muitos evangelistas dirigem igrejas, função esta do pastor, deixando dessa forma de fazer o que lhe compete, que é o de pregar o evangelho aos perdidos. Acabam sendo criticados, e por vezes até hostilizados pela própria igreja e companheiros de ministério;

d) O cargo de evangelista é "dado" (também, pelas mais diversas razões) a quem não tem o dom, enquanto muitos que tem o "dom espiritual de evangelista" nem oficiais da igreja são, ou, ocupam as funções de auxiliares, diáconos e presbíteros;

Se o ofício de "evangelista" pudesse se fundamentar biblicamente, no mínimo, deveria ser praticado em nossas igrejas de forma bíblica. Desta maneira, o comentário de Severino Pedro (idem, p. 90) é bastante pertinente:

"Nos dias atuais parece haver muitos avivalistas e poucos evangelistas. Existem Igrejas super-lotadas de pregadores, mas vazias de ganhadores de almas. E, além disso, a verdadeira função do evangelista, é que ele deve ser visto mais fora da Igreja do que dentro dela [me refiro aqui Igreja loca]. isto é, que ele não seja somente visto numa função local; mas que sempre avance na direção das almas perdidas sem Cristo; fundando novas Igejas e comunidades".

3. Considerações finais
Se "evangelista" é um cargo oficial à luz da Bíblia, e para isto é citado Ef 4.11, por qual razão "profetas" e "mestres" não o são?

Se "evangelista" é um cargo oficial à luz da Bíblia, por qual razão as Escrituras não prescrevem os pré-requisitos para o cargo (ou ofício), como nos casos de diáconos, presbíteros e bispos (1 Tm 3.1-13; Tt 1.5-9)?

No meu entender, o cargo de "evangelista" não se fundamenta com muita clareza à luz das Escrituras, se sustentando basicamente à luz da "tradição" da igreja.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O DOM MINISTERIAL DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA (Pr. Altair Germano)

Lição 11 nos oferece uma breve consideração acerca dos dons ministeriais em seu ponto I.






Selecionei algumas questões, que entendo ser interessantes para uma análise e discussão na sala de aula:



CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS CHAMADOS DONS MINISTERIAIS

Apóstolos

"É importante que façamos uma distinção entre o apóstolo, como dom ministerial, e os doze apóstolos de Cristo - os apóstolos do Cordeiro (Ap 21.14). Estes formavam um grupo distinto na Igreja Primitiva (Lc 6.12-16) [...]. Quanto aos apóstolos dados à igreja, por intermédio do dom ministerial e cuja função é de "embaixador" (cf. 2 Co 8.23) e "enviados" (cf. Fp 2.25), são estes igualmente imprescindíveis à obra de Deus." (Comentário da Lição Bíblica)

A afirmativa acima se enquadra na discussão contemporânea sobre a atualidade do ministério de apóstolo. Fica evidenciado no texto que o comentarista da lição faz uma distinção entre os doze apóstolos de Cristo, como um grupo específico, dos demais apóstolos investidos do dom ministerial. Concordo com a distinção proposta, e sobre isto, faço a seguir algumas considerações.

Sobre esta questão, a Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) diz:

"O título "apóstolos" se aplica a certo líderes cristãos no NT. O verbo apostello significa enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2 Co 1.1; Gl 1.1) e outros (At 14.4, 14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2. 8,9; 1 Ts 2.6,7). [...] Apóstolos, no sentido geral, continuam sendo essenciais para o propósito de Deus na igreja. [...] O termo "apóstolo" também é usado no NT em sentido especial, em referência àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer a igreja (e.g., os doze discípulos e Paulo)."

Em termos gerais, o ministério apostólico se manifesta na atualidade através da atividade missionária.

Profetas
Sobre este ministério, já escrevemos na lição anterior (10) o artigo intitulado "O ministério profético no Novo Testamento".

Evangelistas
Sobre o ministério de evangelista, recomendo a leitura do artigo que escrevi sobre o assunto, intitulado "O Ministério de Evangelista numa Perspectiva Bíblica, Exegética e Teológica"

Pastores
Dentre as atividades pastorais estão o cuidado com a sã doutrina (Tt 1.9-11), o ensino e a direção da igreja local (1 Ts 5.12; 1 Tm 3.1-5), a postura exemplar (Tt 2.7-8).

Indico também a leitura do meu artigo "Presbíteros são Ministros da Palavra?"

Doutores ou Mestres
A definição da BEP resume bem este importante ministério: "Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo (Ef 4.12)."

O MINISTÉRIO DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA

Para distinguir o ministério de profeta no NT (Ef 4.11) do dom de profecia (1 Co 12.10), a Bíblia de Estudo Pentecostal faz a descrição abaixo, que resume o pensamente assembleiano sobre o tema:

"É preciso distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espírito da profecia como dom ministerial na igreja, mencionado em Ef 4.11. Como dom de ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na igreja como ministros profetas [...]. Como manifestação do Espírito, a profecia a profecia está potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle (At 2.16-18)".

É interessante colocar, que no mesmo contexto de 1 Co 12, o apóstolo Paulo escreve:

27 Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular. 28 E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorro, governos, variedades de línguas. 29 Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres? 30 Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos? 31 Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.

Aqui, temos os dons chamados de "ministeriais" e os dons espirituais juntos, sem distinção em termos da classificação tradicionalmente pentecostal.

A bíblia usa o termo "dons espirituais" em 1 Co 12.1 (gr. pneumatikom), mas, em nenhum lugar, usa o termo "dons ministeriais", termo este que foi criado pelos estudiosos das sagradas escrituras para fins didáticos, e para sustentação da distinção sugerida.

Na obra Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, publicado também pela CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus), na pág. 1238 e 1239 temos um quadro que nos apresenta os "dons ministeriais", onde entre estes dons, além dos já tradicionalmente conhecidos (Ef 4.11), foram incluídos:

- Ajudantes (At 13.1-3; 1 Co 12.28, 29; Ef 4.11; At 20.35; At 16.14, 15, 3 Jo 5-8);

- Administradores (Rm 12.8; 1 Co 14.3; 1 Ts 5.11, 14-22; Hb 10.24,25, etc);

- Doadores (At 2.44, 45; 4.34, 35; 11.29, 30; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8.9; Ef 4.28; 1 Tm 6.17-19; Hb 13.16; 1 Jo 3.16-18);

- Consoladores ( Rm 12.8; 2 Co 1.3-7)

Curiosamente, no texto do mesmo comentário (p. 1241) que trata sobre Ef 4.11, lemos:

"[...] Paulo aqui faz uma distinção (e também em outras passagens) entre os dons da graça concedido pelo Espírito aos crentes individualmente (4.7, 8; cf. 1 Co 12.4-11) e aquelas cinco categorias de pessoas competentes escolhidas pelo próprio Senhor "para proclamar a Palavra e liderar" (Lincoln, 249) sua Igreja universalmente (Ef 4.11; cf. 1 Co 12.28).

Dessa forma, no comentário do texto de Ef 4.11 os chamados dons ministeriais são delimitados, enquanto que no gráfico apresentado eles são ampliados!?

As atividades acima relacionadas, que aparecem no gráfico citado, me parecem mais com aquelas manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo através dos dons, definidas pelo pastor Antônio Gilberto em sua obra Verdades Pentecostais: como obter e manter um genuíno avivamento pentecostal nos dias de hoje, CPAD, (pg. 69):

"Ministérios. Ou diakonais (1 Co 12.5). Isso fala de serviço, trabalho e ministério prático. São ministrações sobrenaturais do Espírito através dos membros da igreja como um corpo (1 Co 12.12-27)."

Em termos concretos, como se sustenta no contexto bíblico de 1 Co 12-14 a distinção entre o chamado "dom ministerial de profeta" e o "dom de profecia"?

Para fins de buscar uma solução, teríamos que no mínimo fazer a seguinte afirmação: Há no NT profetas ministeriais efetivos e profetas circunstanciais. Dessa forma, teríamos no NT duas categorias de profetas.

Afirmo isto, pelo fato de que em 1 Co 14.29-32, 37, no contexto dos "dons espirituais", o que profetiza é também chamado de "profeta" (gr. prophetes).

O DOM DE PROFECIA E O DOM DE LÍNGUAS SEGUIDO DE INTERPRETAÇÃO

Um outro problema em termos práticos e teóricos, diz respeito ao entendimento sobre a profecia (gr. propheteía) e dom de línguas (gr. genê glosson) seguido de interpretação (gr. ermeneía glosson).

Vamos ao culto, e lá um irmão ou irmã fala em línguas e em seguida interpreta, ou a interpretação é dada por outro. Considerando que a mensagem em línguas, seguida de interpretação, geralmente contém elementos preditivos, exortação, edificação e consolo para a igreja, poderíamos chamar isto de profecia (como geralmente é chamado)? Ou chamaríamos de uma mensagem profética ministrada através de línguas com interpretação? Dessa forma, não estaríamos eliminando qualquer diferença substancial entre estes dons?

Sobre isto, o Comentário Pentecostal do Novo Testamento (CPAD) afirma em sua pág. 1026:

"A glossolalia interpretada e a profecia são igualmente válidas por edificarem a congregação: 'O que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também [as] interprete'. Paulo não diz aqui que as líguas mais a interpretação são equivalentes à profecia ou, formando a frase de um modo diferente, que a interpretação seja uma profecia (como Barret argumenta, 316). Esta visão, na realidade, elimina qualquer diferença substancia entre estes dons (Lim, 144). De acordo com Carson, "parece que as línguas podem ter a mesma importância funcional da profecia se houver intérprete presente... Isto não significa que não exista nenhuma diferença entre as línguas mais a interpretação, e a profecia. [...] Bittlinger acrescenta: 'O dom das línguas, quando interpretadas, tem o mesmo valor da profecia na edificação da igreja' (101)."

Os comentários acima, nos remetem para a necessidade de uma análise mais crítica, e menos reprodutiva das questões doutrinárias aqui colocadas, para dessa forma haver maior clareza e distinção acerca dos conceitos e definições sobre os dons do Espírito.

Penso, falando em termos teológicos, que na condição de pentecostais assembleianos, já estamos maduros para uma discussão neste nível.

REFERÊNCIAS

- Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
- Comentário Bíblico Pentecosta do Novo Testamento, CPAD.
- O Novo Testamento Interlinear, SBB.
- Verdades Pentecostais, CPAD.